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EPÍLOGO - Caminhando através desses dias maravilhosos

No dia seguinte ao festival cultural da nossa escola, eu mancava pelo caminho, com todos os músculos do corpo doloridos por ter trabalhado demais na barraca de takoyaki. Os pássaros cantavam acima da minha cabeça e seu canto despreocupado contrastava cruelmente com a minha dor.

— Droga, tudo dói… — murmurei fazendo uma careta de dor

Acho que exagerei ontem e agora estou pagando o preço.

A dor era prova suficiente de que meu corpo estava jovem novamente, mas isso não tornava a dor menos dolorosa. Eu quase podia ouvir os velhos balançando a cabeça e dizendo: “Vamos lá, garoto, não faça essa cara”.

Mas dor é dor, não importa a idade.

Ainda assim, era um preço pequeno a pagar. Graças ao esforço de todos, o festival tinha sido um grande sucesso. Nossa turma liderou as vendas e, sinceramente, eu me diverti muito.

Caminhando sob o céu claro, não pude deixar de me sentir orgulhoso. Finalmente consegui viver o tipo de festival que sempre quis na minha vida passada e fiz isso com meus colegas de classe. Parecia que as barreiras entre nós estavam começando a derreter. O ar parecia mais quente e mais amigável.

É… bom…

Veja o Ginji, por exemplo. Normalmente ele era reservado, mas dessa vez ele usou seus conhecimentos de informática para criar algo parecido com vale-refeições. Graças a isso, ele teve a chance de conversar com colegas de classe que normalmente evitava. Eu até acabei conversando com pessoas com quem mal falava antes.

A pessoa com quem acabei passando mais tempo foi a Kazamihara-san. Na festa pós-evento, sua expressão era indecifrável quando ela disse: “Você realmente me ajudou. As coisas correram muito mais tranquilas graças a você”.

Então ela seguiu em frente, deixando-me imaginando o quanto ela realmente queria dizer isso e havia Fudehashi-san. Ela não parava de falar sobre como era triste desmontar nossa sala de aula.

— É uma pena — ela suspirou — Nós nos dedicamos de coração para construí-lo e agora já é hora de dizer adeus. Mas é assim que as coisas são, certo? Você se entrega totalmente e, quando acaba, dói muito.

Mesmo com essa tristeza, o entusiasmo em sua voz era estranhamente animador. A atmosfera da turma havia mudado, mas a maior mudança foi em mim.

Naquele dia, finalmente compreendi meus próprios sentimentos por Shijoin-san. Quatorze anos desde minha última vida, eu havia me libertado da minha concha e enfrentado a verdade dentro de mim.

Após a festa, com minha cabeça apoiada em seu colo, uma clareza que eu nunca havia sentido antes tomou conta de mim e, com isso, contei tudo para minha irmã Kanako.

— Kanako, escute! Lembra quando eu disse que não tinha sentimentos românticos por Shijoin-san e que era tudo apenas admiração? Bem... eu menti. Acho que estou realmente apaixonado por ela!

— Sim, eu sabia disso — Kanako respondeu casualmente, comendo batatas fritas no sofá da sala, completamente imperturbável com minha empolgação.

— O quê?! Como você sabia!? — Gritei, surpreso por ela ter descoberto antes de mim.

Kanako soltou um suspiro.

— Tava tão na cara... Qualquer um poderia perceber que você estava apaixonado pela maneira como falava sobre ela. Esse é um comportamento clássico de um virgem nerdola. Você realmente achava que seus sentimentos pela Shijoin-san eram apenas admiração?

Suas palavras me atingiram mais do que eu queria admitir. Minha irmãzinha, socialmente perspicaz, tinha percebido tudo, enquanto eu não tinha ideia até minha suposta morte e renascimento. Acabei de joelhos naquela noite, abalado pela constatação. Com um sorriso malicioso, Kanako acrescentou:

— Então, como exatamente você descobriu isso, irmão mais velho?

Nem ferrando que eu vou contar para você.

Ainda assim, a lembrança voltou à minha mente. A sala de aula à noite, só nós dois. Parecia quase um sonho, mas, honestamente, me deixou com uma sensação de calor por dentro.

***

— Ah, Niihama-kun. Bom dia!

Surpreso com a voz familiar, eu me virei. Lá estava ela, a garota que estava em minha mente momentos atrás. Seu cabelo longo balançava com a brisa, seus olhos claros brilhavam com inocência.

Ela tinha a graça de uma princesa, o tipo de beleza que chamava a atenção de qualquer um. Quando ela sorria, era exatamente como no dia em que a vi pela primeira vez depois do salto no tempo. Shijoin-san não havia mudado nada, mas minha reação sim.

Ela é bonita demais!

O calor tomou conta de mim, meu coração batia forte. É claro que ela sempre foi bonita, mas agora que eu finalmente compreendia meus sentimentos, isso me atingiu com muito mais força. Só de ver a garota de quem eu gostava, eu me sentia tomado por uma felicidade quase ridícula.

Sem o filtro da “apenas admiração”, o charme de Shijoin-san me atingiu de frente.

— O que há de errado, Niihama-kun? Você ainda está cansado de ontem? — ela se inclinou para mais perto, com o rosto cheio de preocupação, e meu cérebro entrou em curto-circuito.

— Nã-não, não estou cansado! Bom dia, Shijoin-san! — eu deixei escapar, com o rosto ficando vermelho enquanto tentava me controlar.

Droga. Seja na minha vida passada ou com esses hormônios idiotas da puberdade, não consigo pensar direito.

— Bom dia! Tem certeza de que está bem?

— Sim. Posso ter desmaiado no chão duro da escola, mas apoiei minha cabeça e dormi bem. Além disso, descansei bem em casa. Estou bem agora.

As dores musculares ainda estavam lá, mas a fadiga tinha passado. Ter um corpo mais jovem realmente acelerou a recuperação.

— Que bom. Sério, isso é ótimo. Ah… — ela parou de repente, como se algo tivesse acabado de lhe ocorrer.

— O que foi?

— Quando você mencionou ter dormido assim... honestamente, você parecia tão calmo quando acordou que pensei que talvez tivesse esquecido. Mas você realmente se lembra de como estava na sala de aula?

— Hmm…

Sua pergunta fez meu peito apertar quando a memória voltou: Minha cabeça descansando em seu colo na sala de aula escura, o calor de suas coxas, seu perfume me envolvendo. Eu me virei, envergonhado.

— A julgar por essa reação, você realmente se lembra. Aff, isso é tão embaraçoso.

Eu não precisei responder. Minha reação já tinha me denunciado, e agora Shijoin-san estava cobrindo o rosto, envergonhada.

— Sim. Eu me lembro. Desculpe.

— Não, não é sua culpa, Niihama-kun. Na hora, eu não dei muita importância, mas depois de dormir e pensar sobre isso, a vergonha me atingiu com força. Acho que me deixei levar pelo calor do momento.

Até ela, que normalmente era tão composta, havia sido contagiada pelo clima do festival. Vê-la admitir isso, com o rosto ainda vermelho, fez meu coração bater forte novamente. Deitar no colo dela me colocou perigosamente perto, e daquele ângulo era impossível ignorar o peito dela. Só de lembrar disso agora, meu coração acelerou.

— Mas escute, não tire conclusões erradas.

— Ideia errada?

— Não importa o quanto seja constrangedor, se você desmaiar de novo, ainda vou oferecer meu colo. Mesmo que você adormeça na cadeira e caia, eu vou te segurar.

— Obrigado.

Ela cerrou o punho com determinação, suas palavras tão diretas que me deixaram sem palavras.

— O que foi, Niihama-kun? Você parece meio distraído hoje de manhã.

— Eu já disse, não é nada.

O jeito como ela me olhou com preocupação fez meu peito apertar novamente. Sinceramente, eu já tinha perdido a conta de quantas vezes ela tinha feito meu coração disparar naquela manhã.

Droga, é muito cedo para meu coração ficar tão louco assim.

Eu continuava sendo levado por suas palavras diretas, meus olhos novamente atraídos pela garota de quem eu gostava. Shijoin-san era bonita, alegre, genuína e um pouco desajeitada. Essas eram as coisas que eu mais gostava nela. Mesmo depois de todo esse tempo desde nosso reencontro, eu continuava descobrindo novos lados dela para admirar.

Ontem à noite, decidi que iria me declarar para ela, mas agora não era o momento certo. Os arrependimentos da minha vida passada me deram o empurrão que eu precisava, e eu sabia que poderia fazer isso se decidisse. Mas, para mim, uma declaração não era o objetivo. Eu não queria apenas dizer as palavras. O que eu queria era o futuro que viria depois.

Não quero apenas confessar. Quero ser o namorado da Shijoin-san!

Confessar era como atirar no escuro. Se errasse, o constrangimento seria brutal. Por isso, decidi continuar diminuindo a distância entre nós aos poucos.

— Ah, Niihama-kun! Conversamos tanto que perdemos a noção do tempo!

— O quê, sério?!

Abri meu celular antigo e congelei. Estávamos chegando perto do limite. Meus velhos hábitos de salariano me tornavam extremamente sensível a atrasos, mas caminhar com Shijoin-san me deixou mais lento sem que eu percebesse.

— Isso é ruim, Shijoin-san! Se chegarmos atrasados no dia seguinte ao festival, vai chamar muita atenção.

— Eu sei! Vamos nos apressar, Niihama-kun!

Partimos pela trilha vazia, meus pensamentos correndo tão rápido quanto minhas pernas. Qual era o propósito desse salto no tempo e por que eu estava aqui?

Eu ainda não sabia, mas, fosse qual fosse o motivo, eu havia decidido uma coisa. Eu iria aproveitar ao máximo essa segunda chance. Cada dia da minha juventude era valioso demais para ser jogado fora novamente.

Eu ainda carregava o peso dos meus arrependimentos passados, mas desta vez o caminho à minha frente estava claro. E caminhando ao meu lado estava a garota que personificava a juventude que eu sempre quis. Desta vez, eu não deixaria o arrependimento vencer. Com toda a frustração que acumulei na minha vida anterior, eu transformaria isso na minha vingança da juventude e viveria ao máximo.




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