CAPÍTULO 6 - DIZENDO A VERDADE PARA A MÃE DA GAROTA QUE EU GOSTO
- AKEMI FTL
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A residência Shijoin, que eu tinha visto rapidamente no dia anterior, era ainda mais impressionante agora que eu podia apreciá-la por completo. Sua vastidão e grandiosidade eram realmente de tirar o fôlego. Tudo aquilo absolutamente enorme.
Embora não fosse exatamente um castelo ou um arranha-céu como aqueles retratados nos mangás sobre famílias ricas, era facilmente três ou quatro vezes maior do que uma casa típica de dois andares. A viagem de carro até lá foi uma mistura de prazer e tormento…
Por que Shijoin-san tem que se sentar tão perto? Aff, meu rosto fica vermelho só de pensar nisso.
No caminho para a casa dos Shijoin, eu e ela conversamos sobre vários assuntos, e a conversa ficou bastante animada.
— Nenhuma outra história captura a essência do amor entre irmãos como Scrapped Princess... Depois de ler ele, me senti solitária sem uma irmã! — disse Shijoin-san.
Conversamos sobre todo tipo de assunto e a conversa fluiu facilmente entre nós. No entanto, era impossível ignorar a distância entre nós.
Mesmo em um espaçoso Rolls Royce, o interior parecia confinado com Shijoin-san sentada ao meu lado no banco de trás, com sua doce fragrância quase tangível. Conversamos durante todo o trajeto até a casa dela.
— Entre! Está tudo pronto! — exclamou Shijoin-san com um sorriso radiante.
Seguindo Shijoin-san, atravessei um jardim absurdamente grande. Ele era muito bem cuidado, com uma variedade vibrante de flores desabrochando e árvores podadas com precisão que encantariam qualquer visitante. A visão de uma casa com um jardim do tamanho de um pequeno parque era quase surreal para mim.
— Cheguei! Por favor, abram a porta! — anunciou Shijoin-san na grande entrada.
Com um clique suave, a fechadura eletrônica se desativou, reconhecendo sua voz ou através de uma câmera de segurança e, assim, adentrei para o território desconhecido da casa dos Shijoin.
Uau... Este lugar parece mais uma mansão do que uma casa...
Ao entrar na mansão dos Shijoin, fui recebido por uma atmosfera de elegância discreta. Um vaso de cristal transbordando de flores da estação, um lustre cintilante e móveis cuidadosamente selecionados adornavam o espaço.
Como era de se esperar de uma família distinta, não havia nenhum traço do estilo chamativo e exagerado frequentemente associado às casas dos novos ricos. Em vez disso, uma sensação de bom gosto refinado e elegância discreta permeava o ar.
— Esta é a sala de estar! Por favor, sente-se. — Shijoin-san apontou para uma sala espaçosa que parecia uma suíte ampla em um hotel de luxo.
Nervoso, me sentei em um sofá macio que tinha um toque incrivelmente luxuoso. Cada item daquela sala à vista provavelmente valia uma pequena fortuna.
— Bem-vindo! Obrigada por ter vindo hoje!
Uma voz vinda do fundo da sala chamou minha atenção e eu me virei para ver uma mulher excepcionalmente bonita surgir. Por um momento, fiquei completamente sem palavras.
A mulher, com seus elegantes cabelos longos, tinha uma semelhança impressionante com Shijoin-san.
Ela era uma mulher bonita, com traços que lembravam de Shijoin-san. Combinado com seu comportamento gentil, era como se eu estivesse vislumbrando uma visão futura da própria Shijoin-san.
— Muito obrigado por me receber hoje. — eu disse curvando-me ligeiramente — Sou Niihama Shinichiro, um colega de classe de Shijoin-san... Quero dizer, Haruka-san. Você é a irmã mais velha de Haruka-san?
— Hehe, obrigada pelo elogio, — ela respondeu com um sorriso caloroso — mas na verdade sou a mãe dela, Akiko. Você é tão educado quanto Haruka descreveu.
Quantos anos tinha a mãe dela quando deu à luz Shijoin-san? Mesmo que ela dissesse que tinha vinte e poucos anos agora, eu acreditaria.
Naturalmente, ela tinha uma família, mas conhecê-los pessoalmente ainda me deixava nervoso. No entanto, uma onda de alívio tomou conta de mim quando percebi que a mãe de Shijoin-san, apesar de sua origem prestigiosa, parecia incrivelmente gentil e acessível.
Percebi que Akiko-san me estudava com um brilho curioso nos olhos, examinando-me de vários ângulos e ocasionalmente emitindo sons suaves de interesse como “Haa...” e “Hoo...”.
— Hm, com licença… — eu finalmente falei, sentindo-me um pouco constrangido sob seu olhar atento.
— Ah, me desculpe por ficar olhando tanto… — Akiko-san se desculpou, com um leve rubor subindo às bochechas — Não temos um filho na nossa família, então é muito emocionante ter um menino aqui!
— Ah, entendo… — eu respondi, um pouco surpreso.
Ela parecia genuinamente feliz, mas havia um fascínio infantil em seus olhos, como se tivesse encontrado algo incrivelmente cativante...
— Há tanta coisa que eu adoraria conversar com você, mas isso terá que esperar. — disse Akiko com uma piscadela brincalhona — Haruka, cuide bem da nossa convidada!
— Sim, mãe! — respondeu Haruka com entusiasmo — Eu preparei tudo cuidadosamente, então não se preocupe!
— Hmm, não foi bem isso que eu quis dizer, mas... ela certamente tem seu próprio jeito de fazer as coisas…
Akiko-san murmurou para si mesma com um sorriso perplexo, um tom de exasperação em sua voz.Com uma piscadela brincalhona, Akiko-san se despediu, dizendo:
— Bem, vou deixar vocês dois a sós por enquanto. Boa sorte, Haruka.
Apesar de sua natureza brincalhona, a cordialidade e hospitalidade de Akiko-san eram inegáveis. Senti uma onda de gratidão por sua atitude acolhedora.
— Aqui, por favor, tome um chá primeiro. — Shijoin-san ofereceu, colocando uma xícara fumegante de chá de jasmim na minha frente.
Enquanto eu trocava gentilezas com sua mãe, ela silenciosamente preparava esse gesto de boas-vindas.
— Ah, obrigado... Isso tudo é novidade para mim. — confessei, tomando um gole do chá de jasmim — Nunca fui convidado para a casa de uma garota antes, muito menos recebido com chá assim.
Os olhos de Shijoin-san brilharam com determinação.
— Não é só chá! Vou usar todas as minhas habilidades para tornar hoje um dia especial!
— Oh... Entendo… — murmurei com um sorriso nos lábios.
Vendo Shijoin-san inflar o peito com tanta determinação, não pude deixar de suspirar de admiração, com a realidade da situação me inundando como uma onda. Foi um momento surreal, mas comovente.
Eu achava que Shijoin-san era um anjo fora do meu alcance, mas aqui estava ela, preparando uma refeição caseira só para mim. Meu coração se encheu de uma alegria que eu mal conseguia conter.
— Ah, Niihama-kun, por que essa cara? Você está duvidando das minhas habilidades culinárias? — Shijoin-san brincou, com um tom divertido na voz — Não se preocupe, minha mãe e os chefs profissionais me ensinaram bem.
— Não, não é nada disso. — eu rapidamente a assegurei — Eu vi seu talento em primeira mão como líder da equipe de culinária durante o festival da escola! Mas, chefs indo à sua casa... isso é outro patamar.
Shijoin-san deu uma leve risada.
— Tecnicamente, eles são de um serviço de culinária. Minha mãe adora cozinhar, mas ela costuma estar ocupada como secretária do meu pai, então contamos com eles com frequência.
Uau... É realmente um mundo diferente para algumas pessoas.
— Honestamente, — Shijoin-san continuou enquanto colocava um pequeno prato de cubos de açúcar ao lado do chá — pensei em te oferecer uma refeição preparada por um chef profissional em vez da minha própria comida, mas... não teria parecido um agradecimento meu. Para expressar verdadeiramente minha gratidão por tudo o que você fez durante nossas sessões de estudo, eu sabia que tinha que ser algo feito por mim mesma.
— Shijoin-san...
Ela exalava um calor, que parecia genuíno e convidativo, e sua hospitalidade irradiando de dentro. Com um sorriso gentil tão refrescante quanto a brisa da primavera e adornada com uma moda elegante e atemporal, ela realmente parecia um anjo.
— Então, mesmo sendo caseiro, — ela acrescentou, com um toque de nervosismo na voz — espero não ter feito você pensar que teria o mesmo sabor de algo preparado por um chef profissional. Se isso aconteceu, sinto muito.
— Não, não, de jeito nenhum! — eu respondi, acenando com as mãos, nervoso — Isso nem passou pela minha cabeça! Ficaria feliz com qualquer coisa que você fizesse. Estou realmente animado para provar sua comida, Shijoin-san. Na verdade, não gostaria de comer mais nada.
Ao ouvir a voz abatida de Shijoin-san, eu reflexivamente deixei escapar meus verdadeiros sentimentos e corei. Foi uma explosão quase inconsciente, mas não pude deixar de expressar o quanto valorizava sua refeição caseira.
— Sério? — ela gaguejou, com um rubor subindo às bochechas — O-obrigada... Ouvir você dizer isso com tanta paixão é um pouco embaraçoso...
Shijoin-san, normalmente tão composta, estava visivelmente nervosa com minha ânsia por sua culinária. Um silêncio constrangedor tomou conta de nós. Apesar da perspectiva de uma refeição compartilhada, nossos rostos ardiam com uma mistura de expectativa e constrangimento.
— Ah, estou realmente ansioso por isso! — eu disse, um pouco alto demais.
— Vou começar imediatamente, então, por favor, espere um momento! — Shijoin-san respondeu, acompanhando minha energia nervosa.
Nós dois falamos um pouco mais alto do que o normal, tentando esconder nosso constrangimento mútuo.
***
Meu nome é Mei Fuyuizumi e sou uma governanta de 23 anos que trabalha para a distinta família Shijoin. A família Shijoin possui uma longa e ilustre história, sua riqueza é evidente tanto na residência principal do atual chefe da família quanto nesta extensa propriedade, lar do herdeiro aparente, o presidente Tokimune.
Devido à alta posição social da família, até mesmo os governantes e motoristas empregados aqui possuem credenciais impressionantes. Tive a sorte de ser contratada logo após terminar a faculdade, em grande parte devido ao longo histórico de serviços prestados pelos meus pais à família Shijoin.
Notavelmente, os habitantes desta grande casa não demonstravam a arrogância normalmente associada à riqueza. O presidente Tokimune, um proeminente empresário, sua esposa, uma mulher de família distinta, e sua única filha, Haruka, eram todos indivíduos gentis e de bom coração.
Isso me fez sentir um profundo senso de dever para com eles, além do meu emprego na empresa de administração doméstica da família Shijoin. Eu me considerava uma serva desta casa no sentido mais tradicional da palavra.
No entanto, a família ainda tem suas peculiaridades...
A Senhorita Haruka, uma jovem abençoada com extraordinária beleza e graça, também era incrivelmente ingênua. Completamente alheia ao seu próprio charme, ela involuntariamente cativava inúmeros jovens, uma característica que eu não podia deixar de considerar quase pecaminosa.
E então havia o presidente Tokimune. Ele carregava a dignidade esperada de um presidente de empresa e nos tratava, os empregados, com respeito. Mas havia momentos em que ele revelava um lado mais suave e cativante. Um lado que eu tinha certeza de que seus funcionários nunca esperariam ver.
Quanto à Okusan-sama...
— Aaaaah! Você ouviu isso? Ele disse “Ficarei feliz com qualquer coisa que você fizer”. Ele disse isso! Kyaaa! Olhe para Haruka corando!
Pela fresta da porta da sala, observei com alegria mal contida enquanto Senhorita Haruka e seu convidado, um jovem chamado Niihama, interagiam. Essa era uma cena muito distante do comportamento esperado de alguém de uma família prestigiada.
— Okusan-sama... por mais que eu entenda seu entusiasmo, espiar não é exatamente um hobby próprio de uma dama… — eu a repreendi gentilmente.
— Eu não estava espiando, sabia? — ela retrucou, um pouco na defensiva — Eu só queria verificar algumas coisas e então me deparei com esse momento fofo...
A residência principal dos Shijoin, onde Okusan-sama cresceu, era conhecida por suas regras rígidas, ao contrário da relativa liberdade desta propriedade. O romance era mal visto e, durante seus dias de escola, Okusan-sama devorava secretamente mangás shoujo, apresentados a ela por uma governanta de confiança.
Essa influência incutiu nela uma profunda apreciação pelo romance adolescente. O fato de Senhorita Haruka, que nunca havia demonstrado interesse por meninos, ter trazido um para casa a deixou extremamente animada.
— Não é como se eu quisesse me intrometer na vida amorosa da minha filha! — exclamou Akiko — Mas Haruka? Aquela garota doce e inocente convidando um menino para cozinhar para ele... Não consigo deixar de ficar curiosa! Você não fica, Fuyuizumi-san?
— Claro... Estou muito interessada. — respondi, tentando manter a compostura — Afinal, é um garoto que a Senhorita Haruka convidou pessoalmente.
Apesar da minha tentativa de parecer indiferente, eu estava tão curiosa quanto Okusan-sama sobre o convidado de hoje. Na verdade, todos os funcionários ficaram agitados depois que ela nos informou secretamente sobre o convite de Haruka, pedindo para não contarmos ao presidente Tokimune.
Senhorita Haruka possuía uma beleza etérea e um coração puro, mas também era um pouco distante e indiferente. Apesar de estar no ensino médio, ela nunca demonstrou interesse por meninos.
Isso mudou um dia, quando ela começou a mencionar um “amigo íntimo”. Quando a ajudei a experimentar um yukata para o festival da escola, ela perguntou com uma expressão tão tímida e feminina que fiquei sem palavras:
“Você acha que estou um pouco mais bonita?”
Ainda esta manhã, ela disse que seu amigo sempre chega quinze minutos mais cedo, então não poderia deixá-lo esperando. Assim, ela saiu mais cedo, escolhendo cuidadosamente sua roupa.
Oh, ela é realmente adorável.
Para toda a família e todos os funcionários, Haruka-sama é uma princesa amada. Naturalmente, eu também estava cheio de curiosidade sobre Niihama-kun, no entanto, se eu acidentalmente interferisse na hospitalidade de Haruka-sama, isso estragaria tudo.
— Ainda assim… — comecei — vamos dar um pouco de espaço para Senhorita Haruka e esse Senhor Niihama por enquanto. É a hora dela brilhar como anfitriã.
— Você está certa. — Akiko suspirou — Você é tão madura para sua idade. Quando eu tinha a sua idade, tudo o que eu conseguia pensar era no Tokimune. Minha mente estava completamente ocupada com pensamentos sobre ele...
— Obrigada pelo elogio. — respondi educadamente.
Mas, por baixo da minha aparência calma, eu gritava internamente.
Adoraria estar tão preocupada com o romance quanto você, Okusan-sama, mas não tenho ninguém! Por favor, apresente-me um homem legal!
***
— Oh... ohhhhhh!!!
Um suspiro de puro deleite escapou dos meus lábios quando vi a obra-prima culinária disposta na mesa da sala de jantar da família Shijoin.
Havia uma salada de batata repleta de bacon e cebola, sushi brilhando em vinagre doce, petiscos coloridos em pão francês cobertos com anchovas e queijo, e um prato adornado com um molho de ameixa delicioso.
Cada prato era uma obra de arte, exibindo uma variedade de cores vibrantes e aromas deliciosos que enchiam a sala. Realmente parecia uma variedade impressionante de delícias culinárias.
Os rolinhos de porco envoltos em folhas de perilla e o rosbife com seu centro perfeitamente rosado eram particularmente impressionantes. Não era apenas um simples almoço, era um banquete digno de uma celebração.
— Isso é absolutamente incrível, Shijoin-san! Parece extremamente delicioso!
— Obrigada. — ela respondeu modestamente, tirando o avental e corando levemente com meu elogio — Não esperava que você ficasse tão animado, mas estou muito feliz que tenha gostado!
A comida estava realmente incrível. A qualidade dos ingredientes e a habilidade com que foram preparados ficaram evidentes imediatamente. Estava claro que as habilidades culinárias de Shijoin-san superavam as de uma dona de casa comum.
— Agora, vou me juntar a você… — disse ela, sentando-se à mesa — Por favor, aproveite sua refeição!
— Obrigado pela comida! — exclamei, pegando meu garfo e dando uma mordida — Que delicia!
A comida estava à altura de sua aparência requintada. A salada de batata era rica e cremosa, o peixe escabeche estava perfeitamente equilibrada com vinagre doce e os petiscos de pão francês eram fáceis de comer e cheios de sabor. Cada cobertura complementando as outras lindamente.
— Essa carne de porco enrolada em menta com molho ume é incrivelmente refrescante... realmente deliciosa...
— Fico muito feliz que você tenha gostado! — Shijoin-san sorriu — Eu estava um pouco preocupada com alguns dos pratos japoneses, pois não os preparo com frequência, então optei principalmente por receitas que conheço bem… — ela riu baixinho, com um toque de timidez nos olhos.
De fato, muitos dos pratos eram mais caseiros e simples para uma sala de jantar tão elegante e uma mesa tão cara, mas eu não me importei nem um pouco. Pelo contrário, sua habilidade de fazer pratos tão comuns ficarem tão saborosos me fez apreciar ainda mais seu esforço.
— Mesmo assim, é impressionante o quanto você se esforçou para preparar todos esses pratos… — comentei, realmente impressionado.
Enquanto saboreava cada garfada, uma onda de felicidade tomou conta de mim. Eu também cozinho, então entendia o trabalho envolvido na criação de tais pratos. Até mesmo fazer salada de batata envolve ferver e descascar as batatas, amassá-las com esforço e misturá-las com cebolas fatiadas e ovos cozidos, uma tarefa e tanto.
E ela preparou tudo isso só para mim...
— Obrigado... Isso está tão delicioso que estou quase chorando. — confessei, com a voz embargada pela emoção.
Tanto na minha vida passada quanto na presente, ninguém além da minha mãe jamais preparou uma refeição tão sincera para mim. O fato de outra pessoa ter se esforçado tanto por mim acrescentou uma profundidade emocional que tornou a comida ainda mais deliciosa.
— Fico muito feliz em ouvir isso. — respondeu Shijoin-san suavemente — Preparei tudo pensando apenas em fazer você feliz, Niihama-kun.
As bochechas de Shijoin-san estavam coradas, uma delicada mistura de vergonha e alegria, enquanto um sorriso caloroso se espalhava por seu rosto.
— Mas, por favor, não se esqueça. — disse ela suavemente.
— Esquecer o quê? — perguntei, intrigado.
— Assim como você está se sentindo agora depois de comer minha comida... foi assim que me senti durante nossas sessões de estudo, quando você me ajudou tanto. Isso me deixou incrivelmente feliz.
O sorriso de Shijoin-san se aprofundou, refletindo seus sentimentos sinceros.
— Quero que você saiba o quanto seus esforços significaram para mim e o quanto tocaram meu coração. — acrescentou ela, com a voz cheia de sinceridade.
Ah, lá vem ela de novo, dizendo algo tão adorável...
O fato de ela poder expressar sua gratidão tão sinceramente, dizendo “Esta é minha maneira de retribuir por me fazer feliz”, apenas mostrava o quanto ela era genuinamente gentil e atenciosa.
— Não se preocupe, eu não vou esquecer… — respondi, profundamente comovido — Seus sentimentos definitivamente chegaram até mim.
Respondi, transbordando de gratidão, assegurando-lhe que suas palavras realmente tinham me tocado. Impulsionado pelos deliciosos sabores e pela minha apreciação pelos esforços dela, devorei cada prato com gosto, terminando com o rosbife perfeitamente cozido, cujo centro rosado era uma prova de sua impressionante habilidade culinária. O molho marrom que o acompanhava era simplesmente incrível.
Ufa, consegui terminar tudo e estava tudo realmente incrível...
Lembrei-me de como Kanako tinha dito:
“Mas isso não é arriscado demais, maninho? Normalmente, as meninas de famílias ricas costumam ser péssimas em qualquer tarefa doméstica.”
Mas essa preocupação era completamente infundada. Shijoin-san estava longe de ser uma péssima cozinheira, na verdade, sua comida era fantástica. Parecia que a vida real nem sempre seguia esses enredos estereotipados.
Hã?
Enquanto eu aproveitava o prazer da deliciosa refeição, notei algo estranho. As porções no prato de Shijoin-san eram excepcionalmente pequenas. Mesmo para algo como salada de batata, eu tinha uma porção completa, mas ela tinha apenas uma pequena porção em uma tigela pequena.
Espere um minuto, ela não me parecia alguém com pouco apetite...
Nesse momento, um bipe veio da cozinha ao lado da sala de jantar, sinalizando que algo no forno estava pronto.
— Oh, parece que o próximo prato está pronto. — anunciou Shijoin-san, com um tom de entusiasmo na voz — Vou trazê-lo agora mesmo.
— Próximo prato? — perguntei, perplexo.
Shijoin-san simplesmente sorriu e desapareceu na cozinha.
— Com licença. — uma voz me assustou por trás.
— Eh?! — Eu gritei, surpreso.
Virando-me para a voz, vi uma mulher calma e composta, com cerca de vinte anos, usando um avental. Ela tinha cabelos curtos e lisos que emolduravam seu rosto, dando-lhe uma aparência refinada e sofisticada.
— Meu nome é Fuyuizumi, a governanta. — ela se apresentou — Senhor Niihama, permita-me retirar os pratos vazios.
— Ah, hm... obrigado — murmurei, ainda um pouco confuso.
Fuyuizumi-san habilmente reuniu os pratos vazios em seus braços, carregando-os todos de uma vez com a graça de uma garçonete experiente.
— E, como você já deve saber, — disse ela com um leve sorriso — A Senhorita Haruka é muito séria e sincera. Quando ela decide fazer algo, ela se dedica totalmente.
— É mesmo? — respondi, sem saber onde isso ia dar.
— Então, — ela continuou, com a voz pouco acima de um sussurro — sinta-se à vontade para desistir a qualquer momento, mas, por favor, dê o seu melhor enquanto puder.
Deixando-me a ponderar suas palavras enigmáticas, Fuyuizumi se afastou com os pratos.
O que isso significa?
— Desculpe pela espera! — a voz alegre de Shijoin-san quebrou o silêncio — Aqui está o próximo prato!
— Hã?
Quando Fuyuizumi-san saiu, Shijoin-san voltou, empurrando um carrinho de serviço cheio de mais pratos. Havia tantos quanto antes, se não mais.
Espere, eu não tinha acabado de terminar uma refeição farta?
Ignorando minha expressão confusa, Shijoin-san começou a colocar outra variedade de delícias culinárias na mesa. Havia frango e gratinado de batata bem quentes, ratatouille repleto de berinjela macia, cebola e outros vegetais, frango tandoori perfumado exalando um aroma de dar água na boca, um belo prato de lula e camarão marinados e hambúrgueres cozidos saborosos.
Este foi o surpreendente segundo prato de um almoço já impressionante.
— Hum, achei que os pratos anteriores fossem todos… — comecei, minha voz sumindo em confusão.
— Bem, eu também achei que isso seria suficiente no início… — Shijoin-san respondeu, com um sorriso tímido no rosto — Mas então eu li na internet que os meninos do ensino médio comem muito mais do que as meninas e eles conseguem facilmente comer cinco ou seis tigelas de arroz em uma refeição. Então, eu me certifiquei de preparar bastante para garantir que você ficasse satisfeito!
Bem, isso não está totalmente errado, mas geralmente se aplica mais a meninos que são super envolvidos em clubes esportivos!
— É claro que, se for demais, fique à vontade para deixar o que não conseguir terminar. Coma o quanto quiser! — com um sorriso angelical, Shijoin-san disse isso com tanta naturalidade, mas isso representava um grande desafio para mim.
Afinal, ERA uma refeição caseira preparada pela própria Shijoin-san. Era um presente precioso e milagroso, algo que eu não tinha coragem de desperdiçar.
Meu estômago já está cheio e claramente além do seu limite... mas tenho dezesseis anos, estou no auge do meu apetite! Tudo parece tão delicioso e estou determinado a comer tudo.
— Muito obrigado por preparar toda essa comida... — DISSE com minha determinação renovada — Estou pronto para a segunda rodada!
Peguei meu garfo, determinado a saborear cada mordida do segundo prato da incrível culinária de Shijoin-san.

Mesmo que meu estômago estivesse prestes a estourar, eu não deixaria nenhum prato intocado. Com determinação renovada, lancei-me ao campo de batalha culinário à minha frente.
***
No final, terminei tudo. Se me perguntassem se era muito, diria que era definitivamente muito.
O entusiasmo do Shijoin-san por este almoço é evidente…
Apesar disso, continuei a mexer o garfo e a colher, determinado a saborear cada garfada da refeição preparada para mim. Como resultado, as únicas coisas que restavam à minha frente eram pratos vazios, empilhados ordenadamente.
Ugh... isto é difícil. Meu estômago parece uma mala cheia demais, prestes a estourar. Se eu pudesse simplesmente dizer “Desculpe, não consigo comer mais”, ninguém ficaria chateado. Então por que insisto em terminar tudo?
A resposta era simples: eu não conseguia dizer “não” para a garota que tinha cozinhado para mim. Parecia que meu coração era mais puro do que eu pensava, como o de um típico estudante do ensino médio.
— Ufa... sim, estava delicioso... foi realmente o melhor, Shijoin-san. — consegui dizer, cada palavra com dificuldade.
— De nada. — ela respondeu com um sorriso gentil — Achei que tinha preparado demais, mas estou feliz que você tenha comido tudo!
— Haha, isso não é nada… — eu forcei um sorriso fraco, tentando mascarar a dor.
Na verdade, eu estava suando profusamente e até mesmo me mover era agonizante, mas eu coloquei uma cara de bravo. Honestamente, se eu tivesse comido mais uma ervilha, eu teria acabado completamente.
— Os meninos realmente têm um grande apetite… — Shijoin-san refletiu — Lembro-me de meu pai dizer “Eu podia comer tanto frango frito quanto quisesse quando era jovem”. Mas, ultimamente, ele parece triste porque não aguenta mais comida gordurosa...
Ah, eu entendo muito bem esse sentimento.
No momento, eu aguentei ficar cheio porque tinha o corpo de um adolescente, mas se tentasse fazer isso com meu corpo desgastado de trinta anos, provavelmente acabaria no hospital.
Pensando bem, quando atingi meu limite comendo apenas um pedaço de carne gordurosa em um churrasco, senti minha idade... Foi ali que comi mais comida japonesa...
Simpatizando profundamente com o pai dela, senti uma leve preocupação passar pela minha mente.
— Eu estava pensando... Seu pai não teve nenhuma objeção em você me convidar? Sua mãe parecia não se importar quando conversamos mais cedo, mas...
— Hã? Não, meu pai não teve objeções a um amigo vir aqui. Quando eu disse que queria convidar a pessoa que me ajudou muito com este teste, eles concordaram imediatamente.
— Ah, entendo. Que bom.
Eu tinha imaginado que o pai dela não ficaria muito feliz com a filha trazendo um rapaz para casa, mas parecia que minha preocupação era desnecessária. Eu imaginava que o presidente de uma grande empresa fosse rigoroso e severo, mas ele parecia bastante compreensivo e de mente aberta.
— Bem, então, já que vocês terminaram a refeição, vou trazer a sobremesa! — Shijoin-san anunciou com um sorriso.
Eh?, É verdade, ela disse “Vou pagar o almoço e a sobremesa para vocês!” Claro que tem sobremesa! Droga... com a digestão do meu corpo, talvez eu consiga comer sobremesa em uma hora ou mais, mas agora, não há como... Droga! Tenho que confessar honestamente o estado do meu estômago!
— Haha, não precisa se apressar, Haruka.
— Mãe? — disse Haruka, surpresa.
Antes que eu percebesse, a mãe de Shijoin-san, Akiko-san, estava ao nosso lado. Quando elas ficavam lado a lado, pareciam mais irmãs do que mãe e filha.
— Eu só abri a porta e entrei, querida. — Akiko-san riu, provocando a filha — Não precisa ficar tão surpresa. Bem, parece que vocês dois estavam bem envolvidos na conversa. Já que Niihama-kun comeu até ficar satisfeito, vamos fazer uma pequena pausa antes da sobremesa. Assim, você poderá apreciá-la mais, certo?
— Hã? Ah, sim... é verdade. Um pouco de descanso pode ajudar a aumentar meu apetite — respondi, aliviado por ela parecer entender minha situação.
— Certo? — Akiko-san sorriu — Então, vamos fazer uma pequena pausa... Haruka, vá lavar a louça na cozinha. Enquanto isso, deixe-me ficar com Niihama-kun por um momento.
— O quê? Por que, mãe? — Haruka-san questionou, sua voz cheia de confusão.
— Não é sempre que você convida um amigo para vir aqui. — Akiko-san respondeu — então eu gostaria de conversar um pouco. Há algumas coisas que eu quero perguntar a ele.
— Hã? Coisas que você quer perguntar? — Haruka-san inclinou a cabeça, confusa, e eu estava igualmente curioso.
O que ela poderia querer me perguntar?
— Haha, é muito importante. — disse Akiko-san com um sorriso cúmplice — Apenas ouça sua mãe e vá para a cozinha.
— S-sim... Desculpe, Niihama-kun. Voltarei logo! — disse Shijoin-san, ainda parecendo um pouco incerta enquanto levava os pratos para a cozinha.
Akiko-san puxou uma cadeira e sentou-se diretamente à minha frente, com uma expressão curiosa e divertida.
— Agora, me permita me apresentar adequadamente… — disse ela com um sorriso caloroso — Sou a mãe da Haruka, Shijoin Akiko! Ah, estava tão ansiosa por falar contigo! Estou curiosa para saber que tipo de pessoa é.
— En-entendo… — gaguejei, impressionado com o seu entusiasmo.
Ela estava realmente tão interessada em mim?
— Então, Niihama-kun, o que achou da comida da Haruka? — perguntou ela, com os olhos brilhando de curiosidade.
— Estava... absolutamente deliciosa. — respondi — Sinceramente, estava muito melhor do que eu esperava.
— Ah, que maravilha! — exclamou Akiko, batendo palmas de alegria — Ela praticou muito e se esforçou muito para fazer isso, então ficará muito feliz em ouvir isso de você!
Sua maneira gentil de falar e o amor óbvio pela filha eram comoventes. Não havia nenhum traço de arrogância ou esnobismo que se poderia esperar de alguém de sua posição social, o que a tornava incrivelmente fácil de gostar.
— Mas você deve ter ficado surpreso com a quantidade de comida, certo? Até mesmo as outras empregadas e eu dissemos que era demais, mas ela insistiu “É melhor ter demais do que de menos. Se sobrar, você pode simplesmente deixar, mas se não tiver o suficiente, seria decepcionante!”. Então foi por isso que acabamos com um banquete desses.
— Entendo... A determinação da Shijoin-san realmente brilhou.
— Ela tinha razão, — admitiu Akiko-san — mas ela não entende muito bem o orgulho que um homem sente ao terminar uma refeição.
— Ugh… — gemi interiormente.
Com sua sabedoria e experiência, ela claramente percebeu minha farsa de comer demais.
— No entanto, você ainda conseguiu comer tudo. — ela observou, com um brilho divertido nos olhos — Posso estar sendo um pouco intrometida, mas... você poderia me dizer por que se forçou?
— Be-be-bem... hm… — gaguejei, pego de surpresa por sua pergunta direta.
Akiko-san perguntou enquanto me olhava diretamente nos olhos, fazendo-me vacilar. Não havia como negar a verdade.
— Porque era comida que Shijoin-san preparou… — confessei, com as bochechas levemente coradas — Eu queria comer tudo, mesmo que isso significasse me forçar.
— Hahahaha... Entendi, entendi! — ela exclamou, com a empolgação transbordando — Ah, eu simplesmente adoro esse tipo de determinação pura e infantil!
Ao contrário da minha confissão envergonhada, Akiko-san parecia genuinamente emocionada. Parecia que minha resposta lhe havia agradado, mas sua reação foi quase avassaladora.
— Agora então... falando sério, — ela começou, mudando o tom de voz — como mãe dela, sou profundamente grata a você por ajudar tanto Haruka nos estudos e em tudo mais.
Acalmando-se de sua exuberância inicial, Akiko-san falou com uma expressão sincera.
— Não é nada de especial… — murmurei, sentindo-me um pouco confuso.
— É muito especial. — ela insistiu — Aquela menina, desde pequena, enfrentou alguns desafios, o que a levou a ter amizades amplas, mas superficiais. Ela tem amigos com quem pode conversar, mas nunca ouvi falar de ninguém que fosse tão genuinamente gentil e atencioso com ela. Por isso, sou verdadeiramente grata pela sua presença e pela sua ajuda em tantos aspetos.
— Os problemas da Shijoin-san... Será porque ela é tão bonita e naturalmente gentil, o que faz com que algumas meninas tenham uma inveja incrível? — perguntei, lembrando-me de algo que a Shijoin-san tinha mencionado sobre as suas dificuldades.
— Sim, exatamente! — exclamou Akiko-san, com um tom de frustração na voz — Sua aparência doce e personalidade gentil fazem dela alvo de inveja, com outras garotas chamando-a de falsa ou manipuladora. É absolutamente terrível!
Eu não poderia concordar mais. Aqueles que têm inveja e intimidam Shijoin-san são mesquinhos e de mente pequena.
Akiko-san continuou, com uma expressão pensativa nublando seus traços.
— Além disso, ela não tem consciência da própria beleza... então tende a se culpar pela inveja que sentem por ela. Ela acha que há algo de errado com sua personalidade ou comportamento e, por ser tão séria, se preocupa com isso. Ela só procura defeitos em si mesma, e isso também é um problema. Mas você, você parece incrivelmente composto para um estudante do ensino médio. É como se já fosse adulto.
Desculpe, mas a verdade é que tenho trinta anos de experiência de vida.
Embora meu pensamento seja fortemente influenciado pelo meu tempo como funcionário corporativo, meu corpo jovem aproximou meu estado mental ao de um adolescente de dezesseis anos.
— Haha, mas... o fato de você entender tanto mostra que tem prestado muita atenção à Haruka. — observou Akiko-san com um sorriso cúmplice.
— Bem, sim… — admiti, com as bochechas ligeiramente coradas — Temos conversado muito mais recentemente.
Olhando para trás, eu realmente tinha me aproximado muito mais de Shijoin-san. Ao contrário da minha vida passada, agora eu sabia muitas coisas sobre ela e até tinha sido convidado para ir à sua casa e conversar com sua mãe. Era surreal.
— E, bem... Há algo que eu realmente quero saber — começou Akiko-san, com a voz hesitante — É um pouco embaraçoso para mim perguntar diretamente, mas...
Ela fez uma pausa, um rubor tímido surgindo em suas bochechas. Essa deve ser a “coisa importante” que ela mencionou anteriormente.
O-o que é? O que ela vai perguntar?
— Você... hm… você tem sentimentos pela Haruka? — ela finalmente deixou escapar.
— Quê?! — Eu gritei surpreso.
Ei, espere um minuto! O que você está perguntando?! E, por favor, não core depois de dizer algo assim!
— Você é tão inocente quanto minha filha! — exclamou Akiko-san, com os olhos brilhando de diversão. — Bem... e então? Se seus sentimentos são puramente platônicos, eu apreciaria sua honestidade.
— Não, hm... não é bem isso… — respondi, minha voz sumindo enquanto procurava as palavras certas.
É claro que eu entendia que aquele não era o momento certo para confessar meus sentimentos. Mas admitir meu amor para a mãe dela antes da própria Shijoin-san? Que situação bizarra é essa?
— Na verdade... eu gosto dela… — confessei, minha voz pouco acima de um sussurro — Meus sentimentos por ela cresceram tanto que até eu estou surpreso.
— Uau... Uau, uau, uau! Então é assim!
Akiko-san exclamou, seu rosto se iluminava de emoção. Seus olhos brilhavam de alegria. Quando reuni coragem e falei honestamente, o rosto de Akiko-san se iluminou ainda mais.
— Meu Deus, que honestidade refrescante! Então, você realmente gosta tanto de Haruka? Uau...
Vendo a expressão extasiada de Akiko-san, meu constrangimento aumentou e pude sentir meu rosto ficando cada vez mais vermelho.
— Espere! — ela exclamou, cobrindo a boca com a mão — Acabei de perceber que perguntar se você gosta da minha filha e ficar tão animada com isso é meio estranho, não é? É constrangedor!
— Você não poderia ter percebido isso antes? — gemi interiormente, meu constrangimento atingindo novos patamares — Sou eu quem está mortificado aqui!
Assim como a filha, essa mulher era completamente desenfreada!
— Sim, acho que sim. — Akiko-san riu, com as bochechas coradas — Você está tão vermelho que chega a ser doloroso... Mas, como mãe de Haruka, era importante para mim ouvir seus sentimentos em primeira mão. Caso contrário, quando surgissem desafios, eu não saberia como apoiá-lo.
— Desafios?
As palavras sinistras de Akiko-san, ditas com tanto fervor enquanto ela cerrava os punhos, me fizeram piscar de surpresa.
O que ela tá querendo dizer com isso?
Parecia que meu romance incipiente estava prestes a enfrentar sérias provações em um futuro próximo.
— Estou tão feliz em saber que alguém como você se importa com Haruka! — ela exclamou, sorrindo — Contanto que você não a faça chorar, você tem todo o meu apoio!
— O-o quê? — gaguejei, completamente surpreso.
Sem querer, eu havia ganhado a aprovação da mãe da garota por quem estava apaixonado e meus olhos se arregalaram de surpresa. Eu secretamente temia que alguém como eu não fosse aceito por uma família rica, então o apoio aberto dela foi incrivelmente reconfortante.
— O-obrigado — gaguejei, com as bochechas em chamas — Mas, por favor, não diga coisas como “você tem sentimentos por ela”... É muito embaraçoso!
— Ah, me desculpe. — ela riu — Talvez, como desculpa, eu devesse deixar vocês dois ficarem a sós no quarto dela?
— Eh? Não, isso é… — Eu gaguejei, meu rosto ficando ainda mais vermelho.
— Haha, só estou brincando. — ela disse com uma piscadela.
Vendo minha reação nervosa, Akiko-san riu de forma divertida, sua expressão refletindo a de Shijoin-san de uma forma que fez meu coração bater mais forte.
***
— Mãe, terminei de lavar a louça... Então, sobre o que vocês dois estavam conversando? — perguntou Haruka-san, com uma expressão curiosa no rosto, ao voltar da cozinha, depois de tirar o avental.
Ela pareceu notar minha expressão um pouco desgastada após minha conversa com Akiko-san.
— Estávamos apenas conversando sobre sua culinária, é claro. — respondeu Akiko-san com naturalidade — Niihama-kun disse que estava absolutamente delicioso.
— Sério? — Haruka-san sorriu, com o rosto corado de alegria — Ufa, fico tão feliz em ouvir isso, não importa quantas vezes!
Acreditando nas palavras da mãe sem hesitar, o sorriso radiante de Shijoin-san irradiava pura felicidade. Como sempre, ela era refrescantemente direta e adorável.
— Agora que vocês dois estão de volta. — continuou Akiko-san, mudando ligeiramente o tom de voz — gostaria de fazer outra pergunta. Como vocês dois se tornaram amigos tão próximos? Sei que estão na mesma turma, mas houve algum momento ou evento específico?
— O-o quê? — gaguejou Haruka-san.
Ei, que tipo de pergunta foi essa do nada? E Akiko-san parece estar se divertindo ainda mais do que antes!
— Bem, foi através do comitê da biblioteca. — explicou Shijoin-san — Começamos a conversar quando eu perguntei a ele sobre light novels enquanto trabalhávamos juntos... Mas não conversamos muito até algum tempo depois disso.
— Ah, o comitê da biblioteca! — Akiko-san exclamou, com os olhos brilhando — A propósito, Haruka, naquele dia você disse que o trabalho do comitê demorou mais e você chegou tarde em casa, foi Niihama-kun quem te acompanhou até em casa?
— Sim, isso mesmo! Algo aconteceu naquele dia… — Haruka-san respondeu, com um leve rubor colorindo suas bochechas.
— Ah, sério!? — Akiko-san insistiu, com a curiosidade despertada.
— Hum, depois de trabalhar com Niihama-kun no comitê da biblioteca…
Incentivada pela mãe, Shijoin-san contou ansiosamente os acontecimentos daquele dia. Normalmente, seria estranho compartilhar tais detalhes com os pais, mas Shijoin-san parecia quase animada em contar a história.
— Então, Hanayama se aproximou de mim e Niihama-kun me defendeu dizendo “Nem pense em agarrar Shijoin-san de novo. Esse tipo de comportamento é inaceitável”.
Espere, pare! Shijoin-san, por favor, não conte tudo para sua mãe!
— E então? O que aconteceu depois? — Akiko-san insistiu, seus olhos brilhando de interesse.
Droga, Akiko-san está completamente envolvida também!
— Depois que Hanayama e seu grupo foram embora, eu me senti um pouco mal, então Niihama-kun gentilmente se ofereceu para me levar para casa… — Haruka-san contou para sua mãe.
— Nossa, que fofo! É como algo saído de um mangá shoujo. — exclamou Akiko-san, com os olhos brilhando de alegria.
Bem, se você ouviu apenas essa parte, parece que eu defendi Shijoin-san galantemente com algumas palavras suaves, mas, na realidade, eu ameacei expor Hanayama por seus esquemas obscuros.
Shijoin-san continuou, alheia ao meu conflito interior.
— E no caminho para casa, Niihama-kun continuou me encorajando, dizendo para eu não me culpar. Ele foi tão sincero sobre isso. Isso realmente me animou.
Pare, Shijoin-san, você está me elogiando demais! Estou tão envergonhado que meu rosto está prestes a pegar fogo na frente da sua mãe!
Fiquei grato por ela ter levado minhas palavras a sério, mas ouvi-las sendo recontadas para sua mãe me fez querer desaparecer.
— Ahh, que história comovente! — Akiko-san suspirou, com um sorriso feliz no rosto — O amor jovem é tão precioso...
Akiko-san falou com um olhar extremamente satisfeito e emocionado, como se tivesse acabado de terminar uma refeição completa. Fiquei mortificado por minhas frases embaraçosas de antes terem sido expostas na frente de Shijoin-san, mas Akiko-san pareceu achá-las encantadoras.
— Niihama-kun, — ela declarou, com os olhos brilhando — você é um jovem tão bom. Eu ficaria honrada em chamá-lo de meu filho.
— Sério? — respondi, com um sorriso brincalhão no rosto — E por que essa expressão presunçosa? Você está se gabando por ter sido a cupido?
— Hmm, Niihama-kun se tornando parte da família Shijoin, você diz? — Shijoin-san refletiu, com um brilho malicioso nos olhos — Nesse caso, devo começar a chamá-lo de... Onii-chan?
— Guh! — eu engasguei, pego de surpresa por seu comentário inesperado.
Seu raciocínio era realmente desconcertante, mas a repentina perspectiva de ser chamado de “onii-chan” fez meu coração acelerar. Akiko-san riu, balançando a cabeça
— É típico de você, Haruka, levar isso nessa direção com sua adorável ingenuidade.
— Hã? — Shijoin-san inclinou a cabeça, confusa.
Parecia que até mesmo seus pais reconheciam sua natureza encantadoramente distraída.
— Ah, Niihama-kun, — Akiko-san acrescentou com uma piscadela — meu marido também se casou com alguém da família Shijoin, então não damos muita importância a linhagens ou coisas do tipo.
O assunto não havia mudado exatamente, mas era realmente o momento certo para tal revelação? Ainda assim, é uma informação valiosa para referência futura.
Enquanto Akiko-san continuava a nos bombardear com perguntas, uma voz alta ressoou pela casa.
— Cheguei!
A porta da frente se abriu, revelando um homem alto e bem vestido.
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