CAPÍTULO 1 - De escravo à viajante do tempo
- AKEMI FTL
- 18 de ago.
- 12 min de leitura
Atualizado: 20 de ago.
— Então foi tudo um sonho...
O silêncio do final da noite se abateu sobre mim. Devo ter finalmente sucumbido à exaustão em minha mesa devido às incontáveis horas extras exigindo seu devido pagamento. Minha murmuração silenciosa ecoou no vasto e vazio escritório. O meu eu sincero foi engolido pela escuridão. Eu estava sonhando com dias melhores, um momento de um passado que nunca poderia recuperar. Mas o sonho havia se desvanecido como um fantasma, deixando-me sozinho com a brutal realidade do presente.
Como minha vida acabou assim?
Doze anos neste inferno corporativo haviam me reduzido ao nada. Esta noite, como tantas outras antes, eu estava encarando o barril de demandas impossíveis. Os documentos transbordavam da minha mesa, uma montanha jogada diretamente sobre meus ombros e, agora, a parte do meu chefe estava empilhada em cima, jogada em cima de mim com um decreto casual de última hora: “Faça isso até amanhã”.
Haha… Clássico.
Desde a graduação, minha vida tem sido uma sequência de erros corporativos do pior tipo. Essa empresa? Um buraco negro de horas extras não pagas, zero dias de folga, clientes que te tratam como um escravo e prazos criados para acabar com você.
Apenas mais um dia glorioso em uma rotina de “esmagamento” da alma…
— “Se você trabalhar duro, será recompensado” hein... Há doze anos a empresa me alimenta com essa mentira patética...
Algo dentro de mim cedeu. A frustração que eu sempre mantive enterrada se manifestou, transbordando para o escritório vazio em palavras cruas e sem filtro.
— O salário é incrivelmente baixo e não há absolutamente nenhuma chance de subir de cargo. Estou apenas sendo usado até cair...
Meu espírito havia se quebrado e meu corpo estava começando a acompanhar meu espírito. A tontura e as dores se tornaram companheiras constantes, além de que meu cabelo estava perdendo a cor rapidamente.
Esses eram lembretes implacáveis do estresse do qual eu não conseguia escapar.
E não era apenas o meu espírito que estava abatido… Cada vez mais essas tonturas me atingiam do nada e um tremor percorria minhas mãos. Até mesmo meu cabelo, que costumava ficar intacto, estava começando a apresentar mechas brancas, como se estivesse se apagando mais rápido do que o resto de mim.
As lágrimas brotavam, embaçando os cantos escuros do escritório. Esse desespero esmagador não era novo, era uma sombra constante desde que comecei a trabalhar…
Não, até mesmo antes.
Eu também não guardava lembranças felizes da escola, pois era apenas um rastro de fracassos que deixava toda a minha vida vazia.
— Não...
Quando o desespero ameaçava me consumir por completo, a lembrança de alguém que eu admirava voltou à vida.
Peguei meu smartphone e dei um zoom em uma foto antiga da turma. Lá estava ela, com longos cabelos castanhos e um sorriso que parecia brilhar com algo puro e gentil.
— Shijoin-san.

Eu admirava muito minha colega de classe, Shijoin Haruka. Ela era linda, elegante e, acima de tudo, gentil. Fomos colegas de classe no ensino médio e meus sentimentos por ela floresceram rapidamente. Como colega do comitê da biblioteca, ela sempre falava comigo com uma cordialidade e simpatia que faziam daqueles momentos algumas das minhas lembranças mais preciosas.
Mas ainda assim...
Depois do que aconteceu com Shijoin-san, até mesmo aquelas lembranças pareciam estar lançando uma sombra pesada sobre meu coração. Talvez por serem tão bonitas, isso só fez com que perdê-las doesse ainda mais. Não restava uma única lembrança que pudesse curar qualquer coisa. Eu não havia ganhado nada. Esses doze anos continuam passando.
Por quê? Por que tinha que ser assim?
Mas eu já sabia. Eu tinha tomado o caminho errado e mesmo assim...
O que eu poderia ter feito? Como eu poderia me tornar alguém forte o suficiente para descobrir isso?
— Ensino médio... Sim... Essa foi provavelmente minha última chance real.
A última vez que me permitiram ser apenas uma criança. Aquela breve janela antes da vida adulta acabar com tudo e eu a deixei escapar por entre meus dedos. Não cresci e nem mudei. Continuei sendo um otaku sombrio que deixou aqueles dias irem embora.
— Como não mudei nem um pouco desde aquela época... estou assim há doze anos. Patético. Ainda um covarde. Ainda inútil. Ainda o mesmo maldito introvertido!
O que aguardava alguém como eu era, inegavelmente, um futuro que caminhava em direção à ruína.
— Tenho apenas trinta anos e meu corpo já está se esgotando de tanto trabalhar! Minha mãe me criou sozinha e eu provavelmente a levei ao túmulo depois de se preocupar muito com essa empresa que está me destruindo!
Não consegui mais me conter. As palavras explodiram e elas eram cruas, feias e uma maldição contra a bagunça lamentável que era a minha vida.
— Minha própria irmã me deixou de lado por causa disso! Não tenho dinheiro e não há uma única pessoa que derramaria uma lágrima se eu simplesmente caísse morto!
Passei minha vida inteira fugindo de qualquer coisa difícil, de mudanças, da ideia de me tornar alguém melhor e se eu continuasse assim, só continuaria afundando até que não restasse mais nada.
— Eu quero voltar! Por favor, me deixe voltar!
As palavras saíram de mim, cruas e impotentes. Chorei no silêncio, alto e feio, como uma criança que finalmente percebeu que havia perdido algo que nunca mais teria de volta
— Se fosse agora, eu entenderia. Finalmente entendo como aquele tempo foi precioso. Se você quer alguma coisa, precisa lutar por ela. Eu não entendia isso… Não até agora.
O que eu queria era simples: Uma segunda chance.
Para que eu possa consertar qualquer coisa. Toda essa vida era apenas uma pilha de arrependimentos que eu mal suportava olhar e se essa dor no meu peito significasse alguma coisa, se esse arrependimento fosse real, então talvez, apenas talvez, eu pudesse...
— Ugh... o quê? Não consigo... respirar…
Um aperto começou em meu peito, apertando com uma intensidade que eu nunca havia sentido. Meus pulmões ardiam, cada chiado se transformava em um suspiro desesperado, mas nada saía. Não se tratava de excesso de trabalho, porém, não como antes. Era aquela sensação estranha de estar me esforçando demais, mas isso não era isso. Era outra coisa.
— Ghh... ah... ngh!
Desabei sobre a escrivaninha, com as pernas se contorcendo e os dedos procurando algo em que me agarrar. Os papéis se espalharam pelo chão. A sala se inclinou, afastando-se de mim. Meus braços ficaram dormentes. Meus pés se congelaram. Eu estava ofegante, mas não havia ar.
Ah, estou realmente morrendo? Então, tudo o que eu tinha tentado enterrar voltou à tona…. Minha mãe... Minha irmã... O ensino médio…
Não só isso, mas também a solidão , a vergonha, os anos de trabalho até virar pó e os dias vazios que se confundiam uns com os outros. Tudo aconteceu de uma só vez, como se estivesse esperando que eu finalmente caísse. Eu não conseguia parar. Não conseguia nem desviar o olhar. Era como se minhas próprias lembranças estivessem tentando me arrastar para baixo antes que a dor pudesse terminar o trabalho.
E no meio daquele caos, vi algo. Não uma lembrança, mas algo menor e mais silencioso. Uma figura fina e uma linha de falha que sempre esteve lá, logo abaixo da superfície que eu tentava apresentar ao mundo. Eu vivi com ela durante anos, sem nunca ousar olhar diretamente para ela. À medida que minha mente adormecia, meu olhar se desviou, pela última vez, para o smartphone na mesa, o sorriso deslumbrante de Shijoin-san refletido em sua luz fraca.
Fico feliz que… a última coisa que eu veja seja você.
Deixando para trás aquele sussurro único e silencioso no mais profundo do meu coração, minha consciência caiu na escuridão.
****
— Ugh... hã?
A luz do sol em meu rosto me tirou do sono. O alegre chilrear dos pardais passou pela janela. Quando me levantei do futon, notei uma estranha leveza em meu corpo.
— O que-que… está acontecendo?
Minha cabeça estava pesada, como se eu estivesse perseguindo o fim de um sonho. Eu era Shinichiro Niihama, com trinta anos de idade, apenas mais um funcionário corporativo preso àquela empresa que esmagava a alma. Ontem tinha sido mais uma ida noturna ao inferno, enterrado sob uma montanha de papelada.
— É isso mesmo. Meu coração... Acho que ele parou.
Ao me lembrar da dor e da sensação de que a vida estava se esvaindo, acordei completamente. Eu estava convencido de que ia morrer... mas enquanto eu estava aqui, eu devia estar vivo.
Isso é um hospital?
— Hmm... onde estou?
Olhei ao redor da sala, com uma sensação de familiaridade misturada com confusão. Definitivamente não era um hospital e definitivamente não era meu apartamento apertado e deprimente.
Este... não é o meu antigo quarto?
Pôsteres desbotados de jogos e animes, relíquias de uma vida passada, ainda se agarravam teimosamente às paredes. Minha escrivaninha, antes bem arrumada, havia se tornado um caos nostálgico de coisas esquecidas. Uma estante de livros estava cheia de mangás e light novels que eu não via há muito tempo. Sem dúvida alguma, esse era o meu quarto do ensino médio.
— De jeito nenhum...
Minha voz era um pouco rouca enquanto quebrava o silêncio.
— O que... é isso?!
Esse quarto não deveria mais existir. Depois que minha mãe faleceu, nossa casa se perdeu... então por que eu estava aqui agora?
Isso é um sonho?
Parecia real demais para isso, no entanto, meu corpo estava estranhamente leve, como se parte do peso que eu vinha carregando durante todos esses anos tivesse finalmente desaparecido.
— O que está acontecendo?
Meu olhar confuso se voltou para a janela e minha mente ficou em branco. O reflexo que estava olhando para trás não era o meu eu cansado de trinta anos.
O que é isso?! Meu rosto!
Demorou um pouco para que o choque passasse o suficiente para que eu pudesse realmente ver.
Esse rosto jovem... é o meu?!
Parecia o rosto de um jovem, aquela que minhas mãos agora estavam sacudindo freneticamente. Não havia um único fio de cabelo branco e a aspereza de anos de estresse havia desaparecido. Minha pele era macia, quase desconhecida.
Sempre tive estatura mediana, com traços que minha irmã, na época em que ainda nos dávamos bem, costumava chamar de “muito bom se você se vestir bem”. Agora, sem a exaustão do trabalho me arrastando para baixo, eu parecia diferente, quase como uma versão melhor de mim mesmo.
— Essa aparência... Será que estou de volta ao ensino médio?
A ideia parecia completamente surreal, bizarra demais para acreditar. A única explicação lógica era que eu estava sonhando. Mas... e se eu não estivesse?
— O meu eu mais jovem... em meu quarto que nem deveria mais existir...
Como eu era fã de jogos e light novels, minha mente imediatamente tentou ligar os pontos a algum tipo de tropo do gênero. Não, isso era muito exagerado para sequer considerar.
— Certo, meu celular!
Peguei-o, mas o dispositivo em minha mão não era meu smartphone. Era um celular flip velho e surrado, algo que eu não via há anos. Com a mão ligeiramente trêmula, eu o abri. A data de hoje estava olhando para mim.
— 2006!? Isso significa que este é o meu segundo ano do ensino médio!
A constatação me atingiu como uma sacudida, fazendo com que aquela teoria maluca do sonho parecesse real demais.
Um salto no tempo, só podia ser isso, por mais impossível que parecesse. Será que eu morri e minha consciência voltou para esse corpo mais jovem?
Era como apertar “reset” em um jogo, mas com todas as minhas memórias ainda lá. A ideia era maluca, uma reviravolta de ficção científica saída diretamente de algum mangá, no entanto, eu não podia negar a juventude impossível que sentia ou o reaparecimento de coisas que deveriam ter desaparecido há muito tempo.
Nada mais fazia sentido.
Atordoado, fiquei paralisado, completamente dominado por uma situação que parecia uma ilusão trazida à vida. A teoria que me veio à mente era tão absurda que ia além da imaginação de alguém que há muito tempo havia desistido das esperanças e dos sonhos enterrados sob o peso do trabalho diário.
Enquanto eu estava ali, perdido e sem saber o que fazer, ouvi uma voz.
— Ah... tinha ouvido algum barulho, mas… você já tá de pé? Acordou cedo hoje.
A porta se abriu com um clique, e lá estava ela. Seu rosto, carregando um calor que eu pensei ter desaparecido do mundo para sempre, preencheu a porta. Uma onda de descrença se abateu sobre mim, ainda mais forte do que o choque de ver meu eu mais jovem.
— Mãe?
A palavra me escapou em um suspiro.
— O quê? Você ainda está meio dormindo, Shinichiro?
Seu rosto, mais jovem do que eu me lembrava, se inclinou levemente quando ela olhou para mim com uma linha de preocupação familiar riscando sua testa. Era a voz dela, aquela que eu achava que nunca mais ouviria, tão tranquila que fazia tudo parecer ainda mais irreal. Minha mãe, afastada de nós pela preocupação que eu havia causado, ficou ali como se nada tivesse acontecido, como se o tempo não tivesse passado.
— Mãe! — exclamei, com as lágrimas brotando e escorrendo pelo meu rosto antes que eu pudesse contê-las.
— Ei, o que há de errado com você? Você não está muito grandinho pra isso? Não me diga que comeu algo estranho de novo. — disse ela, lançando-me um olhar provocador e preocupado.
Sem nem pensar, eu me lancei para frente e a abracei, enterrando meu rosto contra ela e respirando seu cheiro familiar. As lágrimas continuaram a cair, uma bagunça de descrença, alegria e culpa, tudo emaranhado. Não havia como detê-las.
Só de pensar que eu poderia ver você de novo, mãe…
Depois daquele encontro cheio de lágrimas, quando me agarrei a ela como se fosse a última vez que eu iria a ver, de alguma forma consegui me recompor. Disse a ela que tinha sido apenas um sonho ruim, um sonho em que eu era a razão dela ter ido embora.
Minha mãe apenas deu um tapinha na minha cabeça com sua mão quente e familiar, como quando eu era criança.
— Não deixe que os sonhos ruins te afetem assim. — disse ela, sorrindo um pouco.
O conforto quase me arrancou mais lágrimas, mas sua voz ficou aguda.
— Vamos, pare de chorar e vá para a escola. Você vai se atrasar!
Vesti meu antigo uniforme do ensino médio, com o tecido rígido estranhamente nostálgico contra minha pele. O peso do dia a dia me pareceu chocante, um forte contraste com a reviravolta impossível que minha vida havia tomado. Saindo de casa com pressa, refiz o caminho que costumava percorrer todos os dias, cada passo martelando silenciosamente o milagre que, de alguma forma, havia me trazido até aqui.
Sinceramente, minha cabeça ainda está girando... mas depois de ver minha mãe, como poderia não ser real?
Por mais louco que parecesse, vê-la viva me forçou a acreditar. Eu estava realmente de volta, quatorze anos no passado, indo para a escola como um estudante do ensino médio com as lembranças de um velho cansado.
Fiquei realmente impressionado quando andei pela cidade: todos carregavam celulares flip, não smartphones, e não havia rolagem interminável de tela. As pessoas realmente olhavam ao redor enquanto caminhavam. Até mesmo as lojas estavam diferentes. A Saver Key e a GoGo Store, lugares que eu tinha visto desaparecerem um a um, ainda estavam de pé como se nada tivesse mudado.
No início, achei estranho o visual antigo da cidade, mas isso não era nada comparado à minha situação atual. Eu deveria ter trinta anos, mas aqui estava eu, vestindo um uniforme escolar e indo para a aula como se fosse uma piada de mau gosto. A ideia de assistir a uma aula novamente parecia quase engraçada.
Ao passar pelos alunos em seus uniformes, não pude deixar de me sentir deslocado, mas meu corpo se movia por conta própria, impulsionado por hábitos velhos demais para serem quebrados: não se atrase, continue andando, misture-se.
O quê? Espere um pouco... se isso é o passado...
No momento em que o pensamento se formou completamente, parei em meu caminho, bem no meio da estrada. Ir para a escola, voltar para casa e fazer tudo de novo… amanhã, depois de amanhã, todos os dias a partir dessa idade, eu estaria revivendo tudo. Se isso não fosse apenas um sonho estranho e fosse de fato minha nova realidade, isso significava que eu teria que viver toda a minha vida novamente, começando aos dezesseis anos.
Então, eu posso realmente... refazer minha vida?
O peso do que estava acontecendo se abateu sobre mim e eu fiquei ali com a boca ligeiramente aberta. Uma segunda chance na vida. Isso era exatamente o que eu desejava, logo antes de meu miserável fim.
Talvez eu consiga realmente fazer isso...
Eu não entendia a lógica por trás desse salto no tempo, mas não importava. Eu tinha voltado com todo o arrependimento que havia levado para o túmulo.
Desta vez, eu irei mudar aquela vida monótona e cinzenta que havia desperdiçado... Nenhum esforço seria poupado. Nenhum desafio seria grande demais. Essa seria minha vingança contra meu eu do passado.
E, primeiro, eu iria acertar as coisas com minha mãe. Nesta vida, eu nunca lhe causaria um momento de preocupação. Eu a levaria para os melhores lugares, a trataria com boa comida e encheria seus dias de felicidade. Além disso, havia inúmeras outras coisas das quais eu me arrependia. Sinceramente, minha vida inteira parecia uma montanha de chances desperdiçadas.
Cheguei a soltar um suspiro silencioso, percebendo o quão patético tudo aquilo tinha sido. Para começar, não havia a menor chance de eu voltar a pôr os pés naquela empresa negra.
Espera... Agora que estou pensando nisso...
No final de minha vida anterior, ou talvez eu deva chamá-la de minha vida passada, houve algo. Alguma percepção importante havia cintilado na borda de minha mente naqueles últimos momentos, mas não importava o quanto eu tentasse, não conseguia captá-la.
A lembrança permaneceu frustrantemente fora de alcance.
Parecia uma lembrança puxando a borda da minha consciência, algo incrivelmente importante. Bem, eu provavelmente acabaria encontrando-a. Por enquanto, estava na hora de voltar para a escola depois de doze anos de intervalo.
Ao percorrer o antigo caminho para a escola, o ar fresco da manhã parecia surpreendentemente agradável em minha pele. O cansaço que eu carregava como adulto parecia se dissipar a cada passo. Uma sensação estranha se apoderou de mim, como se eu realmente estivesse voltando a ser o que era no ensino médio.
Eu costumava ter pavor de ir à escola, mas agora estava realmente ansioso por ela. Uma verdadeira sensação de motivação surgiu dentro de mim, um desejo de dar o meu melhor em tudo, seja nos estudos, nos esportes ou em qualquer outra coisa. O simples fato de ter um futuro novamente me libertava. Agora eu tinha um passado limpo. Eu poderia me tornar qualquer coisa. Eu poderia ir a qualquer lugar.
— Ah, Niihama-kun. Bom dia!
Eu me virei para ouvir o som de uma voz refrescante. Ela estava lá, exatamente como eu me lembrava dela, a garota que tinha sido a joia da minha juventude.
Ao vê-la novamente, depois de ter voltado ao passado, senti como se minha história, aquela que parecia destinada a desaparecer sem deixar rastros, estivesse finalmente começando de novo.

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