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PRÓLOGO - Primeira Fase
- AKEMI FTL
- 25 de set.
- 4 min de leitura
O bullying deixa uma longa sombra.
Você pode esperar até o sol se pôr, mas ela nunca desaparecerá.
A pressão para se tornar uma determinada pessoa
dura até você finalmente ceder e desistir.
Mas, no fim das contas, os seres humanos são apenas paródias de seus verdadeiros eus.
— Keith Richards
Pela primeira vez na vida, subi a um palco. As luzes brilhavam intensamente, aquecendo meu corpo, enquanto criavam limites aqui e ali. Além desses limites, tudo era escuro como breu. Tão escuro que eu não conseguia enxergar nada além deles. Achei que minha visão estivesse tão tremida porque eu estava tonto devido à tensão que tomava conta do meu corpo. Mas depois que meus olhos se acostumaram com a visão, percebi que estava errado. Eram todas as pessoas na plateia que estavam tremendo. Tantas pessoas... todas sussurrando para si mesmas. Era como se eu estivesse olhando para o oceano na calada da noite.
Enquanto isso, eu estava na praia. Meu nariz se contorcia levemente, como se eu fosse um coelho recém-nascido, enquanto meu corpo tremia de incerteza. Eu não conseguia vê-los, mas podia sentir seus olhares queimando meu corpo. Minha visão estava escura como o vazio, mas o interior do meu coração ficou branco como um espaço limpo no qual nada existia. Em comparação, tenho certeza de que meu rosto devia estar vermelho como um tomate naquele momento. O calor das minhas bochechas se espalhou lentamente pelo meu corpo. Meu peito apertou como se alguém tivesse controle total sobre ele. Meu estômago roncou em agonia. E, ainda assim, minhas mãos e pés estavam frios, enrijecidos.
Estou com medo. Não quero isso. Quero sair daqui. Esses sentimentos pulsavam dentro de mim, assim como meu coração acelerado. É como se eu estivesse aqui nua para todos verem... Mas isso é muito pior do que apenas estar nua. Porque agora eu sei que a aparência tem tudo a ver com o seu corpo. Sei que não sou muito alto, não tenho muito peito, pareço uma pessoa magra e nunca posso ser confiável... Sim, realmente não gosto muito de mim mesmo. Mas o que me esperava agora não podia ser comparado a nada disso. Eu queria fugir deste lugar o mais rápido possível, pular na minha cama em casa e esquecer que tudo isso tinha acontecido. Se eu pudesse ter esse único desejo realizado, eu ficaria feliz em me despir aqui num piscar de olhos.
Era assim que isso era assustador, como a música podia ser assustadora. Ela não mostrava piedade ao revelar suas técnicas, sua prática, sua combinação e seu talento. Cantar e tocar violão era para ser só isso, mas mesmo alguém sem experiência ou sensibilidade musical conseguia perceber se você cometesse o menor erro. Eles imediatamente te julgavam, decidindo se você tinha o direito de tocar nesse palco. Eles desferiam o martelo do julgamento como um júri.
E, claro, era assim que o mundo funcionava. Eu também fiz isso a vida toda. Do lado deles, do lado seguro, eu simplesmente julgava a habilidade deles, dizendo o que bem entendia. Agora que estava no palco, percebi o quão cruel e abominável eu tinha sido. Mas, se é assim, então tenho que carregar a cruz e cumprir minha punição. Foi isso que aceitei quando subi aqui.
O que mais temo... é revelar o que há dentro do meu coração. Como me sinto... e com quais emoções estou aqui. Como toco minha música, a expressão que minha voz mostra ao mundo... Tudo será revelado. Tudo. Cada detalhe. Não posso esperar para esconder isso. Não posso conter. Todos saberão. Mas... é exatamente por isso que estou aqui.
Eu sabia desde o início. Eu tomei essa decisão. E, ainda assim, meu corpo não para de tremer. Os membros da minha banda me lançaram olhares preocupados. Eu tive que aceitar. Eu estava incrivelmente... insuportavelmente nervoso. Eu estava envergonhado. Eu nem queria emitir um som. Eu não queria levantar a voz. Eu não queria que ninguém olhasse para mim. Afinal... olhem como eu sou feio. Eu sou distorcido, estúpido, ganancioso. Nunca fui amado, não tenho nada de especial. Mesmo assim... é isso que eu sou.
Enquanto estava nesse pequeno palco, era eu quem tremia de medo e terror. E esse tremor... só pertencia a mim. Sei que todo som é gerado a partir de vibração. A guitarra pendurada no meu corpo, o microfone à minha frente, meus dedos, minha garganta, o tremor do meu corpo, tudo se transformou em um som alto, alcançando a escuridão, criando um estrondo trovejante. E essa mesma vibração — é o meu rock and roll.
Fechei os olhos e respirei fundo. Minha mão esquerda sentiu a sensação áspera das cordas, enquanto minha mão direita segurava firmemente a palheta, pressionando-a contra as cordas. Ei... não posso ver vocês agora, mas vocês estão definitivamente aí, certo? Eu acreditava que vocês me segurariam com todo o seu ser, então pulei para a frente, na escuridão sem fim.
— Por favor, ouça nossa música...
É isso mesmo. Esta é a história... de como finalmente expressei meus verdadeiros sentimentos
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