EPÍLOGO - No mesmo lugar de sempre com aquela garota

AKEMI FTL
20 de ago.
7 min de leitura

Sentindo a brisa como um bálsamo refrescante, caminhei, com o cheiro do asfalto irradiado pelo calor permanecendo no ar. O céu azul límpido acima de mim era tão vívido quanto água-marinha, quase como se carregasse a promessa de felicidade, assim como seu significado simbólico.

As flores desabrochando ao longo da estrada. As árvores bem alinhadas. Os carros que passavam. Cada parte do mundo que se estendia diante de mim estava impregnada de um calor tangível. Estávamos no final de julho. A cerimônia de encerramento do primeiro semestre havia terminado sem problemas, e eu tinha acabado de me despedir dos meus colegas de classe por um tempo em uma liberação excepcionalmente precoce.

Considerando a época do ano, não era de surpreender que tudo lá fora parecesse irradiar calor.

— Cara, está quente...

Estava quente o suficiente para me fazer resmungar em voz alta. Embora parecesse que tínhamos trocado os uniformes de verão há pouco tempo, eles não eram páreo para a temperatura sufocante. É claro que eles eram melhores do que usar mangas compridas, mas quente ainda era quente. Se a mudança para mangas curtas fosse suficiente para vencer o calor do verão, os seres humanos nunca teriam inventado o ar-condicionado.

Enquanto eu continuava andando, uma placa familiar chamou minha atenção.

O restaurante familiar, Flowers.

Uma rede que funcionava o ano inteiro sem intervalos, esse restaurante era praticamente uma segunda casa para mim. O simples fato de ver a placa ou a silhueta do prédio evocava imagens de seu cardápio em minha mente.

Eu até já havia experimentado tudo o que havia no cardápio, com exceção das especialidades sazonais.

— Que seja o sundae de chocolate.

A decisão foi instantânea. Minha mente se encheu de visões de barras de chocolate, sorvete de chocolate e bananas artisticamente arranjadas.

Estranhamente, meu corpo parecia incapaz de aceitar qualquer coisa que não fosse um sundae de chocolate.

Arrastando minhas pernas cansadas pelo calor, entrei no restaurante. Não precisei falar com os funcionários - eu conhecia o lugar como a palma da minha mão. Entrei com passos confiantes.

Meu destino? O assento de sempre. E, como esperado, a pessoa de sempre já estava lá.

Seus longos cabelos dourados brilhavam tanto que poderiam envergonhar o sol.

Seus olhos, de um azul oceânico profundo, eram mais bonitos do que qualquer mar na Terra. Sua pele clara e impecável, sem uma única mancha, parecia não se incomodar com o sol escaldante do meio do verão. Com sua cintura fina e uma figura ampla que rivalizava com a de um ídolo, ela usava o uniforme de verão da divisão do ensino médio da Academia Hoshimoto.

Kazemiya Kohaku.

No segundo ano da classe D da Academia Hoshimoto, ela era minha colega de classe e, mais importante, minha preciosa amiga.

— Ah, você está aqui.

Quando me aproximei de seu assento, ela me cumprimentou.

— Desculpe-me pelo atraso.

— Se seu professor de repente lhe pediu para fazer algo, não há como evitar. Não precisa se desculpar, certo?

— Achei que você estava ansioso por hoje, então...

— Eu não estava ansiosa por isso!

Ela definitivamente estava ansiosa.

— Mas você já tem tudo espalhado sobre a mesa.

— Isso é só preparação! Eu estava apenas me preparando, só isso!

Espalhada sobre a mesa estava a “Lista de recompensas de verão” sobre a qual havíamos conversado após as finais no centro de treinamento.

Hoje, tínhamos planejado nos encontrar no restaurante da família e fazer planos para as férias de verão com base nessa mesma lista.

— Deixe-me pegar uma bebida na fonte primeiro. Ah, e...

— Sundae de chocolate?

— Correto. Como você sabe?

— Foi só um palpite. Parecia que você estava com vontade de comer um.

Kazemiya me deu um olhar triunfante. Ela provavelmente não havia se esquecido de como eu a provoquei antes sobre a lista de recompensas. Não que eu tenha me importado - não foi nem um pouco frustrante. Sinceramente, ela precisa perceber que, quando faz coisas assim, é apenas fofo.

— Tudo bem, vou pedir para você.

— Obrigado.

Servi-me de um copo de refrigerante de melão no bar de bebidas.

Para constar, acrescentei mais um cubo de gelo. Embora a bebida tenha ficado um pouco menor, o frio extra valeu a pena. Além disso, esse era o melhor amigo de um estudante - um bar de bebidas - então eu sempre poderia enchê-lo novamente.

— Você optou por refrigerante de melão?

— Não me parece certo começar com outra coisa.

— Que lógica é essa?

Kazemiya deu uma risadinha com minha resposta. Na escola, ela era conhecida como a beldade descolada e distante, mas quando saíamos para o restaurante da família depois da escola, ela sempre parecia tão descontraída.

— A propósito, pedi seu sundae de chocolate.

— Obrigada.

Olhei para o terminal com tela sensível ao toque que estava bem arrumado no canto da mesa. O restaurante havia mudado recentemente para um sistema digital de pedidos, e o dispositivo novo e brilhante parecia ter acabado de sair da caixa.

— Cara, o pedido por tela sensível ao toque é uma bênção.

Kazemiya olhou para o dispositivo com gratidão genuína.

Esse restaurante familiar, o Flowers, antes exigia que os clientes fizessem os pedidos diretamente com a equipe. No entanto, recentemente eles implementaram um sistema de tela sensível ao toque. Tanto Kazemiya quanto eu, por sermos crianças da era digital, não tivemos dificuldade em nos adaptar à nova configuração.

— É ótimo não ter que falar com os funcionários.

— Você realmente odeia isso, não é?

— Não gosto da maneira como eles me olham, tipo: “Ah, essa garota está aqui de novo”.

— Isso é apenas paranoia.

— Mas você entende o sentimento, não é?

— Sim, entendo. Às vezes, acho que eles provavelmente estão me dando apelidos estranhos pelas costas.

— Haha, eu também.

Tudo o que eu podia fazer era esperar que esses apelidos nunca chegassem aos nossos ouvidos.

— Bem, tanto faz. Vamos começar.

— Sim.

Depois de um pouco de conversa fiada, começamos a trabalhar.

O tópico da reunião de hoje da Aliança de Restaurantes Familiares era: nossos planos para as férias de verão.

Usando como base a “Lista de Recompensas de Verão” que havíamos elaborado após as provas finais, começamos a planejar. Mas, a partir de agora, foram necessários alguns ajustes importantes. O motivo?

— 'Family Restaurant Flowers: 300 Locations Celebration Summer Stamp Rally'... É perfeito para o verão da Family Restaurant Alliance.

Nosso restaurante familiar preferido, o Flowers, era uma rede nacional.

Recentemente, atingiu a marca de 300 estabelecimentos e, para comemorar, lançou uma campanha de selos.

Ao gastar pelo menos 1.000 ienes em qualquer estabelecimento Flowers, os clientes podiam ganhar um selo. Coletar cinco selos os recompensaria com mercadorias exclusivas ou cupons especiais.

— Certo? Já planejamos ir a lugares diferentes, então pensei que poderíamos ajustar as coisas para coletar selos também. Mas pode ser complicado coordenar.

— Talvez não seja tão ruim assim. Muitos dos lugares que planejamos visitar já têm floriculturas nas proximidades... mas coletar cinco selos ainda parece um desafio.

— Deveríamos fazer uma viagem noturna?

— Ah, bem visto. Estamos nas férias de verão, então poderíamos fazer isso. Estou dentro.

Para nós, o lar não era exatamente um lugar reconfortante. Poder deixá-la para trás, mesmo que temporariamente, era incrivelmente atraente.

— Ainda assim, reservar hotéis durante as férias de verão pode ser difícil.

— Hmm... Eu dei uma olhada e ainda há alguns quartos disponíveis em lugares como este aqui. Fica perto da praia, e há outro local do Flowers a uma curta distância.

— Você é do tipo que planeja viagens meticulosamente, não é? Pesquisando tudo e decidindo exatamente aonde ir.

— E você parece ser do tipo que vagueia sem rumo.

— É isso mesmo. Quando viajo com o Natsuki, nós apenas brincamos e ainda assim nos divertimos. Como na vez em que fomos ao Toto Fantasy Land. Só nós dois, mas foi muito legal.

— Toto Fantasy Land? Isso também está em nossa lista.

— Natsuki até me fez usar bandanas com orelhas de gato. Estávamos estranhamente empolgados e até tiramos uma foto juntos... Ah, aqui está ela. Muito engraçado, não é?

Peguei uma foto do meu celular, uma foto boba minha e do Natsuki usando orelhas de gato.

— Hahaha! O que é isso? Não achei que você faria algo assim. É um pouco surpreendente.

— Eu só estava com um humor estranho naquele dia. Natsuki é meu amigo de infância, então é fácil agir como um idiota perto dele.

— Humm... Então terei de me certificar de que você também se comporte como um idiota quando estiver comigo.

— Tudo bem, mas você também está usando as orelhas de gato.

— Claro, por que não? E para o festival de verão, quero usar um yukata.

— Um yukata, hein? Eu nunca usei um antes.

— Então este verão é a chance perfeita.

— Andar pelas barracas do festival em um yukata - essa é a experiência de verão por excelência.

— Sempre sonhei com coisas assim: fazer viagens com amigos, visitar festivais de verão... tudo isso.

Kazemiya olhou para o cenário iluminado pelo verão.

— Esta é a primeira vez que estou tão animado com as férias de verão.

— Eu também.

Só de imaginar, já era muito divertido. E quando esses planos se tornaram realidade, eu tinha certeza de que seria ainda melhor.

— Estou ansiosa por um verão divertido, Narumi.

— Sim. Vamos fazer com que seja ótimo.

Continuamos conversando, misturando um pouco de conversa descontraída enquanto finalizávamos nossos planos para o verão. Por fim, terminamos de fazer alguns deveres de casa antes de encerrar o dia.

— Vejo você amanhã.

— Sim. Vamos nos encontrar na estação às 10 horas da manhã e vamos direto para o cinema, certo?

— Depois do filme, iremos a um Flowers próximo para nosso primeiro carimbo.

Não se atrase e estrague o plano logo de cara.

— Sim, sim.

Eu a provoquei levemente, e ela respondeu com seu sorriso habitual.

— Até logo, Kazemiya.

— Tchau. Obrigado por me acompanhar até em casa, Narumi.

— Sem problemas.

E com isso, nos separamos como sempre fazíamos.

Se eu tivesse que resumir, no entanto, nosso verão cuidadosamente planejado foi por água abaixo antes mesmo de começar.

— Sinto muito, Kouta. Eu...