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PRÓLOGO - Me chamo por Beatriz

Me chamo por Beatriz. Apesar da minha pouca experiência neste planeta chamado terra, grande é a amargura que há em meu coração. Por isso decidi me aventurar nesta vida e obter prazeres que nunca antes busquei em toda a minha vida. Viver intensamente é o que o meu coração deseja, afinal, ele se sacia de poder dar um sopro de vida e gritos de liberdade. Para isso, necessitava buscar por alguém que me guiasse, um capitão a me guiar. Quem mais poderia ser senão o Ren Hayashi, o guia quase que celestial em minha vida.

— E… acabei.

Suspirei aliviada por finalizar a atividade de redação que restava e escutei minha voz ecoar. Ao escutá-la, observei as luzes que restavam de um sol que estava a partir entre as cortinas da janela na biblioteca escolar. 

Não perceber as horas se passando era tão comum quanto a solidão deste lugar. Isso não é triste, é apenas uma coisa factual. Eu diria que é um benefício. A biblioteca, tão pouco visitada, é um refúgio de um lar tão agitado como o meu. O fato de estar fazendo atividades de casa em uma biblioteca já dizia muito.

O que me aguarda agora são 4 lances de escada, uma professora a quem devo me dirigir e um vagão de trem com avisos de que será o último daquela linha.

Quantas vezes isso já ocorreu, hein?

Este roteiro é o mais comum da minha vida: Acordar, comer, ir para escola, fazer atividades da biblioteca e voltar para casa recomeçando todo um ciclo que me atormenta.

Talvez hoje eu deva adicionar um sermão da professora pelo horário tardio.

Descendo os degraus da escada, logo me dirigi à sala dos professores. Devolver a chave e relatar o que eu havia feito era comum, mas hoje…

— Muito obrigado pelo seu trabalho com a biblioteca hoje. Embora eu goste do seu empenho, não posso concordar com uma aluna ficando até tarde aqui. Fico surpresa de como a direção nunca entrou em contato com seus pais.

A pessoa em questão era Aya Takahashi, minha professora de História e responsável pela nossa turma. Lidar com ela diariamente era uma tarefa fácil, pois assim como seu nome indica, é uma pessoa gentil.

— Professora, não é como se fosse lidar com algum tipo de chikan a essas horas, então creio que está seguro.

— Não deveria estar tão confiante. Não ter acontecido, não significa que não irá acontecer… — Ela bufou, mas logo se recompôs — Mas hoje esse seu “atraso” foi bem oportuno.

— Foi?

Eu a encarei com estranheza. Normalmente eu  deveria ser recebido com repreensões, mas tudo que recebi foi um parabéns, um conselho e agradecimentos pela minha atitude que alguns diriam ser algo rebelde.

— Hoje preciso ter uma conversa contigo, mas o horário está avançado. Então pensei em fazer isso enquanto te dou uma carona para casa.

— Tem certeza? Embora eu não rejeitaria, os meus p-

— Não se preocupe. Eles já foram informados dessa possibilidade.

— Hmm… Isso não seria muito incômodo? Sair de sua rota habitual par-

— Hoje estou com vontade de conhecer novas ruas da cidade.

— Ah… Desculpa, mas eu est-

— Você está perfeitamente bem. Apenas me aguarde aqui na sala, eu só vou finalizar algumas coisas e já estaremos partindo em 5 minutos.

— Certo…

Aquela conversa de novo. Aquela maldita conversa.

O ser humano pode ser realmente um ser complexo, mas há algo um tanto quanto simples que todos partilham. Todos tem seus anseios, medos e segredos.

Temendo pelo rumo da conversa, observei que havia uma carta de transferência na mesa da Professora Takahashi.

— Transferência? Em setembro?

Transferências não são incomuns, mas nesta época do ano, já não deveríamos ter mais transferências até que abril chegasse. Não conseguia ver muito daquela distância, mas, além de saber que era uma carta de transferência, eu conseguia ler alguns kanjis.

— Ai… kyo? Aikyo? Que nome estranho.

Eu particularmente nunca havia visto alguém com este sobrenome, mas de nomes, já bastava o meu. Ser chamada de Beatriz em solo nipônico sempre causa uma enorme estranheza.

— Terminei aqui. Pronta para ir?

— Sim.

Desligando-me daquela carta, engoli a saliva a seco e me preparei para a maldita conversa.



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