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CAPÍTULO 5 - PASSADO E FUTURO

Quais eram as chances de conhecer a família do seu parceiro logo após o primeiro encontro? Aposto que são menores do que conseguir o personagem que você está de olho em um jogo gacha, ou pelo menos era isso que eu pensava enquanto olhava para o homem à minha frente.

Nanami-san chamou esse homem de “pai”. Ele era alto, musculoso e, sem querer ser rude, não se parecia nem um pouco com Nanami-san, sem mencionar que era uma ou duas cabeças mais alto do que eu. Ele devia ser mais baixo do que Shibetsu-senpai, mas certamente parecia mais alto do que ele. À primeira vista, ele dava a impressão de ser um lutador profissional.

— Vou perguntar mais uma vez, Nanami. Quem é esse garoto?

Apesar de seu sorriso assustadoramente intimidador, sua voz era surpreendentemente gentil. Muito cativante também, devo acrescentar. Talvez apenas sua aparência fosse assustadora.

— Ele, hum... Ele é meu namorado — Nanami-san sussurrou em resignação.

Seu pai, embora momentaneamente surpreso, parecia muito mais calmo do que o esperado. Eu pensei que ele fosse perder a cabeça naquele momento, mas, em vez disso, ele pareceu pensar por um momento e, depois de apagar o sorriso, respondeu suavemente a Nanami-san. Ele era muito menos assustador quando não estava sorrindo.

— Entendo, seu namorado. Olha, está ficando tarde. Em vez de ficarmos parados na rua, por que não entramos?

Com isso, presumi que ele estava pedindo uma conversa em família. Não parecia haver mais nada que eu pudesse dizer.

— Peço desculpas por manter sua filha fora até tão tarde. Foi tudo culpa minha. Por favor, não fique zangado com ela.

Não havia muito que eu pudesse fazer, mas pelo menos pensei um pouco e pedi desculpas a ele para que o mínimo possível de ira recaísse sobre Nanami-san.

Ouvi Nanami-san protestar atrás de mim, dizendo que era ela quem tinha causado o atraso, mas balancei a cabeça para impedi-la. Ela estava de volta a essa hora por causa da minha imprudência, bem como do meu desejo egoísta de ficar com ela o máximo de tempo possível. Da perspectiva dos pais dela, fazia todo o sentido se sentirem inquietos por ela ter voltado tão tarde com um rapaz que eles nem conheciam. Os pais dela provavelmente também sabiam sobre sua constituição nervosa.

Nanami-san puxou minhas roupas por trás. Eu sorri para ela, silenciosamente dizendo para ela não se preocupar, mas não tinha certeza se ela entendeu minha mensagem.

Com isso, eu esgotei minhas opções. Pensando em ir para casa, eu me curvei para o pai dela, quando ele disse algo que me deixou completamente surpreso.

— Já é tarde. Vou levá-lo para casa. Então, namorado-kun, eu gostaria de ouvir sua opinião também. O que você acha?

Eu estava sendo convidado para entrar na casa deles? Pelo pai dela? Eu estava sendo convidado pelo pai dela antes mesmo de ser convidado pela própria Nanami-san?

Espere, por quê?! Isso não deveria ser uma reunião de família?

Eu não estava mentalmente preparado para isso, mas naquele momento, ouvi Nanami-san sussurrar meu nome baixinho. Seu tom era suave, fraco e cheio de preocupação.

Eu tinha que me decidir.

— Claro... E obrigado pela oferta. Ah, e por favor, desculpe minha falta de educação. Meu nome é Yoshin Misumai. É um privilégio namorar sua filha.

Eu não podia ouvir a voz tímida da Nanami-san e deixá-la sozinha. Afinal, eu era seu namorado e, como tal, tinha a responsabilidade de protegê-la. Só que eu não tinha certeza se deveria protegê-la de seus próprios familiares.

— Sou Genichiro Barato, pai da Nanami. Prazer em conhecê-lo, Yoshin-kun.

Genichiro-san estendeu a mão esquerda para me cumprimentar. Um aperto de mão com a mão esquerda não indicava hostilidade? Se fosse isso, parecia que ele ainda não me reconhecia como namorado de sua filha.

Supus que isso era inevitável, já que eu tinha mantido sua filha adolescente fora de casa até tão tarde. Apertei sua mão e a sacudi.

— Bem, então, vamos entrar? Vamos morrer de frio aqui fora.

Seguimos Genichiro-san como ele pediu. Naqueles poucos passos até a casa deles, Nanami-san estava tremendo tanto que peguei sua mão na minha. Eu tinha minhas dúvidas sobre segurar a mão dela na frente do pai, mas enquanto Nanami-san estivesse atrás de mim, ele provavelmente não seria capaz de ver.

Nanami-san olhou para mim, surpresa, então eu sorri para ela e falei baixinho para acalmá-la.

— Tudo bem, estou aqui com você.

Com essas palavras, ela parou de tremer e sorriu, aparentemente aliviada. Sim, ali estava o sorriso que eu amava.

Não que eu tenha coragem de dizer isso diretamente a ela.

No entanto, eu estava sendo completamente ingênuo, porque o pai da Nanami-san percebeu minhas intenções.

— Ver nossa Nanami de mãos dadas com um garoto...

Genichiro-san balançava a cabeça de um lado para o outro enquanto pressionava a ponte do nariz.

Será que ele tem olhos na nuca?

Suas palavras soavam profundamente emocionadas, mas não senti nenhum traço de raiva.

Eu tinha certeza absoluta de que ele ficaria chateado comigo por segurar a mão de sua filha, mas talvez eu estivesse errado o tempo todo. Nós três chegamos à porta da frente e entramos na casa deles. Assim que entramos na entrada, fomos recebidos por uma mulher e uma menina.

— Meu Deus, sejam bem-vindos. Nossa, não acredito que Nanami trouxe um menino para casa.

— Este é seu namorado, maninha? Hmm, ele parece meio sem graça... mas ei, nada mal, né? Ele não parece violento e nem nada. Ele combina com você.

A mulher estava estreitando os olhos e sorrindo suavemente. Essa bela imagem espelhada da Nanami-san provavelmente era sua mãe. Não pude deixar de me perguntar se Nanami-san ficaria ainda mais parecida com ela um dia.

Ao lado dela estava uma menina, aparentemente na idade do ensino fundamental, que estava de pé com as mãos na cintura. Talvez fosse a irmã mais nova da Nanami-san. Ela também tinha uma forte semelhança com Nanami-san, mas seus olhos eram um pouco mais virados para cima, como os de um gato. A menina sorria e olhava para sua própria irmã como se estivesse vendo algo divertido.

— Por que vocês duas?

Nanami-san perguntou hesitante, olhando de uma parente para a outra, mas as duas mulheres suspiraram e olharam de volta para Nanami-san como se ela fosse incompreensível.

Esse pequeno gesto as fez parecer exatamente como Nanami-san.

— Mana, você está falando sério? Quando você sai com Hatsumi-san e Ayumi-san, você nunca usa maquiagem. Você estava tão exigente ao se arrumar hoje que ficou totalmente óbvia.

— Né? Como eu poderia ignorar aquela lancheira extra e como você parecia animada fazendo isso em segredo? Eu seria uma idiota se não percebesse que algo estava acontecendo.

Sua irmã mais nova balançava a cabeça em concordância, enquanto sua mãe inclinava a cabeça com a mão na bochecha.

Nanami-san, eu sei que você estava tentando manter isso em segredo, mas parece que você estava sendo bastante óbvia.

Nanami-san se escondeu atrás de mim, com o rosto completamente vermelho, mas como eu não podia segurar sua mão na frente de toda a família dela, só pude ficar ali parado, nervoso. As duas mulheres também estavam ali, nos observando com expressões divertidas.

— Dêem um tempo a eles — disse Genichiro-san, vindo rapidamente em nosso socorro — Nós nem entramos em casa ainda. Vamos levar isso para a sala, certo? Seria ótimo se você pudesse colocar a chaleira no fogo, querida.

Desconcertado com o gesto inesperado, eu o segui até a sala.

— Boa sorte, maninha — disse a irmã da Nanami-san, acenando para nós antes de voltar para o quarto. 

Acho que agora que ela havia cumprido sua missão de dar uma espiada no namorado da irmã, ela havia perdido todo o interesse em ficar por ali. Ou talvez ela só quisesse evitar se envolver em qualquer problema. De qualquer forma, fiquei grata por sua escolha.

Sentamos na sala de estar, frente a frente. Nanami-san e eu de um lado, Genichiro-san e sua esposa do outro. Genichiro-san estava sentado à minha frente, mas olhava diretamente para Nanami-san.

— Nanami, estou um pouco chateado. Você consegue adivinhar por quê?

Seu rosto estava sério, mas seu tom era gentil. Era difícil decifrar os dois sinais, mas parecia que ele estava realmente zangado. Nanami-san falou hesitante:

— Porque eu… hmm… não te contei que tinha um namorado?

— Não, não é isso. Bem, acho que, como pai, tenho muitas opiniões sobre isso, mas na verdade estou muito feliz por você, especialmente considerando suas circunstâncias.

Embora sua resposta estivesse incorreta, ele sorriu um pouco para parabenizá-la. Senti meu ânimo melhorar um pouco com a reação positiva.

Mas se não era isso, o que o deixava tão chateado? Nanami-san parecia estar se perguntando a mesma coisa; ela estava inclinando a cabeça.

— Então... o que é?

— É que você mentiu para nós, Nanami.

Mentiu?

Com essa simples palavra, pude sentir Nanami-san começar a tremer. Eu podia sentir que estava ficando tão afetado quanto ela, afinal, aquela palavra realmente doía.

É claro que a mentira que Genichiro-san estava pensando era diferente daquela em nossas mentes. Nanami-san e eu estávamos igualmente confusos. A mentira em que estávamos pensando pode não ter sido a que Genichiro-san tinha em mente, mas eu suspirei, concordando com o que ele havia dito. Ninguém sabia o verdadeiro motivo pelo qual Nanami-san e eu estávamos perturbados.

Talvez o único que sabe seja eu… 

Genichiro-san continuou, finalmente dizendo o que pensava.

— Não importa quem você seja, todo mundo tem vergonha de algo diferente, então eu não diria que deixar as coisas por dizer é sempre uma coisa ruim. Mas Nanami, você nos contou uma mentira. Você estava na casa do seu namorado, não estava?

— S-Sim.

Meu olhar encontrou o dela quando ela me lançou um olhar de soslaio.

Enquanto estava na minha casa, Nanami-san estava trocando mensagens com Otofuke-san. Ela provavelmente estava pedindo à amiga para ser sua testemunha. Isso não era incomum nos mangás, mas se fôssemos descobertos, a testemunha não teria utilidade. Como resultado, acabamos apenas deixando os pais dela preocupados. Foi minha culpa ter aproveitado a disposição da Nanami-san em enganar seus pais.

— Se fosse apenas um encontro, teríamos deixado passar. Mas se você estava na casa de um garoto, especialmente na casa do seu namorado, tão tarde da noite, deveria ter nos contado honestamente. Os pais dele estavam em casa?

— Não, não estavam. É por isso que eu queria fazer o jantar para ele...

Com a resposta dela, o rosto de Genichiro-san se contorceu. A resposta dela deve ter atingido um ponto sensível, mas ele conseguiu manter a compostura.

Por dentro, ele provavelmente não estava nada calmo, mas nunca levantou a voz e apenas falou como se estivesse apenas nos repreendendo. Não pude deixar de admirar sua maturidade.

— Então você foi à casa do seu namorado quando os pais dele não estavam lá. Entendo. Deve ter sido difícil para você compartilhar isso conosco, mas eu gostaria que você tivesse nos contado honestamente, Nanami. Você achou que não iríamos deixar?

Nanami-san assentiu em resposta à pergunta do pai. Eu também achava que eles não iriam deixar, e foi por isso que não a impedi de mentir. Isso me deixou tão culpado quanto ela. Na verdade, pode-se dizer que fui eu quem a fez mentir.

Como um casal fundado sobre uma mentira, acumular outra mentira em cima disso não era motivo de riso. Mesmo que Nanami-san achasse que eu não sabia sobre o desafio, não pude deixar de sentir culpa pelas palavras de seu pai.

Talvez defendê-la tivesse sido contraproducente, mas assim que me movi para fazê-lo, Genichiro-san olhou para o chão e depois olhou para mim.

— Na verdade, não posso negar que havia a possibilidade de recusarmos, mas mesmo assim, como pai, gostaria que tivesse falado conosco honestamente. Isso pode ser apenas o meu apego como pai, mas mesmo assim… 

Genichiro-san olhou nos meus olhos. Eu fiz o possível para não recuar e, em vez disso, retribuí seu olhar. Embora ele ainda não se parecesse em nada com Nanami-san, essa parte dele (olhar diretamente nos meus olhos) era exatamente o que Nanami-san faria. Naquele momento, percebi que eles eram, na verdade, muito parecidos.

— Então você é o rapaz que faz Nanami parece tão feliz em preparar um bento todas as manhãs. Visto que você se deu ao trabalho de acompanhá-la até em casa a esta hora, você deve ser um jovem tão bom quanto eu imaginava.

Com o elogio repentino, senti meu rosto esquentar. Achei que seria indelicado desviar o olhar, então simplesmente esperei para ver o que ele diria a seguir.

— Se você tivesse me contado desde o início que tipo de pessoa ele é, provavelmente eu não teria impedido você de ir preparar o jantar para ele, Nanami — disse Genichiro-san com naturalidade. 

Aquele sorriso dele realmente podia ser assustador, mas a opinião dele sobre mim me encheu de alívio, no entanto, essa sensação de alívio durou apenas um momento, pois ele acrescentou: 

— Mas se Nanami quisesse ficar na sua casa, não sei o que eu teria feito com você!

No momento em que Genichiro-san terminou de falar, meu corpo inteiro começou a tremer. Sua fala tinha sido tão gentil e calma como sempre, mas meu corpo estava agindo contra a minha vontade.

— Querido, por favor, acalme-se.

— Ah, certo. Peço desculpas. Só de pensar nisso já me deixou angustiado…

Por um momento, algo que não era exatamente raiva brilhou nos olhos de Genichiro-san e me atingiu como uma força invisível. Provavelmente era isso que estava fazendo meu corpo tremer tão incontrolavelmente.

É isso que chamam de “matar com os olhos”?

Um calafrio desconhecido percorreu minha espinha. Se fosse esse o caso, você realmente poderia sentir um arrepio causado pela pura intenção assassina e, se eu fosse atacado por esse homem (que estava a um traje apertado de se passar por um lutador profissional), sem dúvida seria derrotado sem chance de lutar.

Eu malhava como hobby, mas esse hobby não passava disso. Os músculos desse homem indicavam claramente um nível de comprometimento totalmente diferente. Ouvi dizer que músculos grandes não são bons para lutas na vida real, mas isso provavelmente não era um fator aqui. Eu perderia pela pura diferença de força.

Agora, porém, Genichiro-san estava de volta ao seu estado gentil e meus tremores desapareceram como se nunca tivessem existido.

— Nossa filha, que sempre foi tímida com os meninos, finalmente conseguiu um namorado... Pode ter sido difícil para vocês dois nos contar, mas, sinceramente, nunca fui tão feliz. Eu realmente gostaria que vocês tivessem nos contado, embora eu também entenda como pode ser embaraçoso para vocês compartilhar isso com a gente.

Para um pai, esse sentimento fazia todo o sentido. Quando eu estava prestes a entender os pensamentos de Genichiro-san, Nanami-san, que até então estava em silêncio ao meu lado, falou.

— Mas foi você quem disse...

Esta foi a primeira vez hoje que Nanami-san levantou a voz…. não, não apenas hoje. Ao vê-la tão perturbada pela primeira vez, fiquei completamente surpreso.

Ela estava sempre sorrindo, me provocando e até mesmo colocando o próprio pé na boca. Esta foi a primeira vez que vi Nanami-san, que era sempre tão adorável, em um estado como este. Sua expressão de dor me machucou o peito.

Talvez fosse a primeira vez que Genichiro-san a via assim também. Ele parecia surpreso no início, mas estava se esforçando ao máximo em silêncio para ouvir sem se irritar.

— Foi você... Foi você quem disse aquela coisa estranha. É por isso que não pude te contar que estava namorando Yoshin...

— Nanami, por favor, acalme-se. Sinto muito, mas não me lembro de ter dito nada em particular sobre você namorar meninos. Você pode me lembrar ao que está se referindo? — perguntou Genichiro-san, confuso. 

Até mesmo a mãe da Nanami-san, que parecia calma por fora, parecia não saber para onde dirigir o olhar. Talvez seus pais também nunca a tivessem visto assim. Aparentemente, a razão pela qual Nanami-san não havia contado à sua família que ela e eu estávamos namorando era por causa das circunstâncias em casa.

Isso foi realmente uma surpresa. Eu sempre assumi que a razão pela qual ela não havia compartilhado a notícia com eles era porque tudo isso era apenas um desafio, mas agora, Nanami-san estava dizendo que a razão para seu silêncio estava, na verdade, em Genichiro-san.

Eles parecem pais tão gentis, então, o que poderia ser?

Mas minha confusão logo foi esclarecida pelo que Nanami-san disse em seguida.

— Foi você quem disse que não aceitaria ninguém como meu namorado a menos que fosse mais forte do que você! — ela gritou, levantando-se — Você disse isso da última vez que ficou bêbado! Não há como Yoshin vencer você, então foi por isso que não contei nada!

Com isso, o silêncio tomou conta da sala. Ninguém abriu a boca para falar.

Co-Como é!? Não posso namorar Nanami-san a menos que consiga derrotar esse cara?

Ao mesmo tempo em que fiquei impressionado com essa reviravolta digna de novela mexicana, também fui tomado por um sentimento de desesperança ao imaginar ter que lutar contra Genichiro-san. Eu já tinha pensado nisso antes, mas não havia como eu conseguir derrotá-lo.

Sim, se fosse esse o caso, não era de se admirar que ela estivesse mantendo nosso relacionamento em segredo. Não havia como ela ter mencionado isso, ainda mais porque ela havia sido desafiada a entrar nessa situação.

Olhei para Genichiro-san e…

Não, sem chance de eu vencê-lo.

Eu nunca tinha tentado socar alguém, muito menos brigar com alguém. Eu não tinha chance. Além disso, esse relacionamento nem era real.

Adianta eu ir tão longe?

Eu sabia que estava fazendo tudo isso porque Baron havia sugerido que eu fizesse Nanami-san gostar de mim, mas lutar contra o pai dela não fazia parte do acordo. Normalmente, eu teria desistido e terminado nosso relacionamento. Eu tinha um bom motivo para isso, considerando todas as circunstâncias.

Sim, em circunstâncias normais… 

Mas não pude deixar de pensar em tudo o que havia acontecido até hoje. Nós havíamos dado as mãos. Almoçamos juntos. Vimos lados diferentes um do outro que não víamos na escola. Assistimos a um filme juntos. Conversamos em um café. Preparamos o jantar juntos. Tinha sido apenas uma semana, mas eu já tinha tantas lembranças com ela.

Era por isso que, por Nanami-san, eu sentia que deveria me esforçar mais. Se eu pudesse desafiar o pai dela várias vezes, então teria que lutar com ele até vencer. No final, eu faria com que ele me aceitasse.

Eu acho que tomei minha decisão.

Desde a explosão da Nanami-san, o silêncio tomou conta da sala. Talvez por ter se levantado e levantado a voz, Nanami-san respirava pesadamente, com os ombros subindo e descendo. Lágrimas começavam a brotar nos cantos de seus olhos.

Quando vi isso, levantei-me por impulso e, quando percebi, estava segurando-a em meus braços. Esquecendo que estávamos na frente de seus pais, me vi tentando consolá-la. Até eu fiquei surpreso com minhas ações.

— Tudo bem, Nanami-san. Se é isso que eu tenho que fazer, vou enfrentar seu pai quantas vezes forem necessárias. Eu não disse que não iria deixar você ir?

— Yoshin, eu... Sim... Obrigada...

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Enquanto eu consolava Nanami-san, com os olhos cheios de lágrimas, vi sua mãe olhando para mim com interesse.

— Ah, meu Deus.

Droga! Eu esqueci completamente que os pais dela estavam aqui!

Em pânico, olhei para Genichiro-san, que estava pensativo, com os braços cruzados e a cabeça inclinada. Ele nem estava olhando para nós.

Hã? O que é essa expressão intrigada?

— Hum, Nanami, sinto te dizer isso, mas...

Tive um mau pressentimento. Um pressentimento muito ruim. Era a sensação de que ele estava prestes a derrubar a premissa sobre a qual Nanami-san estava agindo. E, normalmente, meu instinto é muito confiável.

Nanami-san sentou-se novamente, inclinando a cabeça, aparentemente confusa com a reação de Genichiro-san. Ironicamente, suas cabeças estavam inclinadas de maneira semelhante.

Finalmente, Genichiro-san, que parecia bastante arrependido, abriu a boca para responder.

— Eu realmente disse algo assim? Não me lembro disso...

Surpresos, Nanami-san, eu e, na verdade, até mesmo a mãe da Nanami-san, olhamos para ele com expressões vazias. Nanami-san parecia particularmente chocada. Eu nunca a tinha visto tão chocada, mas, mesmo assim, não pude deixar de admirar o quão fofa ela parecia, o que não era nada novo para mim a essa altura. Quero dizer, ela tinha acabado de descobrir que estava se angustiando por causa de uma declaração que tinha sido completamente esquecida. É claro que ela ficaria chocada. Eu nem conseguia imaginar o que ela devia estar pensando.

— Pai!

— Querido?

Assim que Nanami-san finalmente se recompôs e se preparava para descarregar sua fúria em seu pai, sua mãe abriu a boca para falar. Seu tom era terrivelmente frio, seu olhar fixo em seu marido. Ela ainda tinha o mesmo sorriso suave no rosto de um momento atrás, mas agora seus olhos, cruelmente estreitados, não estavam rindo de forma alguma. Eles eram tão assustadores que senti outro arrepio percorrer meu corpo.

— Querido, como você pôde esquecer algo tão importante? Tenho certeza de que é a primeira vez que ouço falar disso. Se o que Nanami diz é verdade, é claro que ela teria dificuldade em nos contar.

— E-E-Espere um minuto, querida! Nanami, quando eu disse isso? Eu realmente, realmente não me lembro de nada!

Sua mãe provavelmente mudou o foco da nossa conversa de propósito. Em pânico com o interrogatório de sua esposa, o pai da Nanami-san procurou a ajuda de sua filha. Nanami-san respondeu com um olhar gélido.

— Você disse isso quando eu estava no ensino fundamental, enquanto bebia e conversava com o Oto-nii...

Oto-nii? Quem era esse?

Enquanto eu me perguntava, Nanami-san se inclinou para sussurrar que era o namorado de Hatsumi-san, seu meio-irmão. Quando olhei para Nanami-san, vi que suas lágrimas haviam cessado. Em contraste, Genichiro-san estava torcendo o pescoço, tentando se lembrar de seu deslize.

A mãe da Nanami-san continuava sorrindo com seu olhar frio, enquanto Nanami-san permanecia mortalmente séria com um olhar igualmente assustador nos olhos e, no meio de tudo isso, Genichiro-san estava encolhido com a cabeça entre as mãos.

O que está acontecendo aqui? O que devo fazer?

Enquanto tentava descobrir como deveria reagir, o comportamento de Genichiro-san mudou. Ele olhou para cima, com os olhos arregalados, e começou a suar. Parecia que ele havia se lembrado do comentário que fez e que afetou profundamente Nanami-san.

— Sim... Eu talvez tenha dito algo assim.

— Viu?! Você disse isso!

— Não é o que você pensa, Nanami! Foi apenas uma brincadeira enquanto conversava com Soichiro-kun! Eu só estava tentando encorajá-lo!

— Encorajar Soichiro?

A história se desenrolou, com Genichiro-san no centro, embora eu ainda me sentisse um pouco deixado de lado, eu me senti aliviado por não ter de derrotá-lo para ganhar a sua aprovação. Tinha pensado seriamente que teria de fazer aulas de artes marciais ou algo do género.

Felizmente, não é esse o caso.

Depois disso, Genichiro-san continuou a sua explicação. No início, teve de fazer várias pausas, mas quanto mais falava, mais a sua memória voltava e as suas palavras começavam a fluir com muito mais facilidade.

— Na época, ele estava muito irritado e preocupado com todos os meninos tentando se aproximar de sua irmãzinha. Então, como uma sugestão brincalhona de que ele exigisse que esses meninos o derrotassem antes de poderem namorar a pequena Hatsumi, eu fiz uma piada dizendo que só aceitaria um namorado da Nanami que pudesse me derrotar.

— Quero dizer, eu sei que Hatsumi era muito popular durante o ensino fundamental, mas vocês realmente conversavam sobre algo assim? — Nanami-san perguntou.

— Sim. Embora eu admita que não esperava que a irmã dele ficasse tão comovida com a sugestão dele, a ponto deles começarem a namorar assim.

Então foi você quem instigou tudo isso?

Eu não via necessariamente nada de errado neles namorarem, Otofuke-san e seu meio-irmão pareciam personagens saídos de um mangá, mas um romance entre meio-irmãos parecia totalmente irreal.

Franzindo a testa diante da verdade tão bizarra, Nanami-san pressionou os dedos contra as têmporas. Quando ela soltou os dedos, lançou um olhar exasperado de soslaio para o pai.

— Então, mesmo que eu esteja namorando Yoshin, você não vai fazer ele lutar com você, certo?

— Com certeza. Juro pelos meus músculos e pela esposa que amo. Além disso, não estou treinando para lutar contra pessoas.

Ele tencionou os bíceps, dirigindo o olhar para a esposa. A mãe da Nanami-san corou profundamente e abriu um sorriso. A diferença entre o sorriso anterior e o que agora adornava suas bochechas era como a noite e o dia. Genichiro-san também exibia um sorriso de orelha a orelha que não trazia nenhum traço da malícia anterior. Talvez ele estivesse realmente apenas tentando me intimidar.

Nanami-san também parecia aliviada. Ela colocou a mão no peito enquanto suspirava de alívio. Naquele momento, porém, outra pergunta surgiu em minha mente.

— Ah, hm… Senhor Barato, eu...

— Droga, eu esperava que você me chamasse de “pai” para que eu pudesse dizer que ainda era um pouco cedo para isso! De qualquer forma, não há necessidade de ser tão formal, Misumai-kun. Fique à vontade para me chamar pelo meu primeiro nome.

— Ah, obrigado. Então, Genichiro-san, você parece treinar muito, então eu queria perguntar se você é algum tipo de artista marcial.

— Oh, não, sou apenas um empresário comum.

Eu estava errado. Não achava possível que um funcionário de escritório comum fosse tão musculoso, então presumi que ele fosse um praticante de artes marciais, como o irmão de Otofuke-san.

— Então, posso perguntar por que você decidiu treinar tanto? Eu também malho como hobby, mas não consigo me imaginar chegando a esse nível.

— Ah, é verdade — disse Nanami-san — Quando vi seus abdominais, achei ter visto um leve tanquinho. Os do meu pai são mais como rocha sólida.

No momento em que ela terminou de falar, eu poderia jurar que senti a temperatura da sala cair. Não precisei adivinhar o motivo. Era novamente devido à intenção assassina que emanava da direção geral de Genichiro-san. E era ainda mais intensa do que antes. Desta vez, eu estava tremendo muito mais do que uma folha.

— Misumai-kun, você... Você não ficou se exibindo na frente da minha filha… né? Quando e onde foi isso? Você não está agindo de forma tão indecente assim, está? Né? Posso confiar em você, não é?

Alimentado por choque, nervosismo, informações imprecisas e uma imaginação fértil, Genichiro-san se aproximou de mim com os olhos cheios de pânico.

— N-Não é nada disso! Acontece que minhas roupas ficaram molhadas, então tive que me trocar na enfermaria e ela me viu!

— Isso mesmo! Yoshin me salvou! Pare com essa mente poluída! Nós nem nos beijamos ainda!

Bem, nós nos beijamos indiretamente... Espere, Nanami-san? Por que você está corando com os dedos nos lábios assim?!

Seu pai poderia ter nos permitido namorar, mas parecia improvável que ele nos permitisse aventurar-nos em território físico tão cedo, então agir de forma tão tímida provavelmente era contraproducente. Pelo menos ele parecia acreditar no que ela havia dito, pois sua sede de sangue mais uma vez se dissipou. Em vez disso, ele estreitou os olhos com preocupação.

— Eu acredito em você, Nanami, mas quero que saiba que, se você criar o hábito de contar pequenas mentiras, suas palavras, aos poucos, vão perder a credibilidade. Como pai, quero confiar em você. Não há necessidade de nos contar todos os detalhes, mas, a partir de agora, quero que nos diga sem hesitar quando for sair com o Yoshin-kun. Se for ele, sabemos que você estará segura.

— É verdade — acrescentou a mãe da Nanami-san — Se Yoshin-kun é o garoto que você escolheu, tudo deve ficar bem. Além disso, ele é bonito, magro e aparentemente bastante musculoso. Nanami gosta que seu pai também seja musculoso, então talvez ela tenha herdado isso de mim.

Sem confirmar e nem negar a sugestão da mãe, Nanami-san corou e olhou para os pés. Sim, era ótimo que sua família se desse tão bem. Eu sorri um pouco, e Nanami-san me lançou um olhar severo.

— Na verdade, há uma razão pela qual Nanami se sente tão desconfortável perto de meninos, que é também a mesma razão pela qual decidi começar a malhar — murmurou Genichiro-san do nada. 

Tínhamos saído do assunto, mas eu realmente queria saber por que ele tinha começado a treinar tanto. Entrelaçando os dedos na frente do rosto como um comandante de algum anime de mecha, Genichiro-san começou a falar suavemente. 

— Nanami, você se lembra quando começou a se sentir desconfortável perto dos meninos?

— Hmm, acho que foi antes de eu entrar no ensino médio, então... talvez por volta da sexta ou sétima série? De repente, comecei a não gostar de estar perto de meninos.

— Sim, isso mesmo, e foi também nessa época que comecei a treinar assim.

— Minha mãe me disse que poderia ser por causa da puberdade, então eu não tinha pensado muito sobre isso, mas o que tudo isso tem a ver com o seu treino?

A mãe da Nanami-san estava com uma expressão preocupada. Eu certamente já tinha ouvido falar que as meninas tendem a achar os meninos da mesma idade imaturos, mas será que era realmente algo nesse sentido?

O pai da Nanami-san, que parecia se lembrar de algo, levantou-se sem dizer nada e trouxe um álbum de fotos. Quando o abri, vi várias fotos da Nanami-san muito mais jovem.

Genichiro-san naquela época realmente tinha um corpo normal. Na verdade, ele parecia ser ainda mais magro do que eu.

Uau, ser capaz de mudar tanto realmente faz o corpo humano parecer uma maravilha.

— Como você pode ver nessas fotos, nossa Nanami já era adorável mesmo quando estava no ensino fundamental. Aquelas pop idols da TV não chegam nem aos pés dela. Você não acha, Misumai-kun?

— Sim, concordo plenamente.

— Espere, o que vocês dois estão dizendo?!

Quer dizer, não havia como eu discordar dele e era realmente o que eu sentia. Não havia como fingir. Nanami-san sempre foi super fofa, mesmo quando criança, mas, em contraste com Nanami-san, que estava sentada ao meu lado, corando, Genichiro-san parecia estar chupando algo amargo.

— É verdade… e foi essa fofura que lhe trouxe várias dificuldades. Naquela época, ela era intimidada pelos meninos da sua idade. Como resultado disso, uma coisa terrível quase aconteceu.

— O quê?

Nanami-san e eu dissemos exatamente a mesma palavra em uníssono. Olhando para ela para ver como estava reagindo à história, vi apenas confusão em seu rosto. Peguei sua mão, tentando tranquilizá-la.

— Yoshin...

Normalmente, eu não faria isso na frente dos pais dela, mas senti que Nanami-san precisava de uma mão firme para segurar. Embora eu já a tivesse abraçado na frente dos pais dela anteriormente, talvez já fosse tarde demais.

No entanto, parecia que minha decisão tinha sido correta: tanto Genichiro-san quanto a mãe da Nanami-san me olharam com aprovação.

— Pensando bem agora, provavelmente era apenas o fenômeno de meninos tentando chamar a atenção das meninas de quem gostam. Não posso dizer que eu mesmo não fiz isso quando era jovem.

Os adolescentes tendiam a provocar as meninas de quem gostavam. Eu nunca tinha feito isso, mas pelo menos conseguia entender o sentimento de querer chamar a atenção de alguém.

— No meio de tudo isso, ocorreu o incidente... não, um acidente. Felizmente, um professor interveio para ajudar, então não houve consequências graves, mas parece que, devido ao trauma do acidente, Nanami perdeu toda a memória do ocorrido.

Genichiro-san não entrou em detalhes. E, pelo que pude perceber, Nanami-san não pareceu notar que ele rapidamente mudou de “incidente” para “acidente”. Talvez ele tenha feito a mudança na tentativa de despertar a memória dela. Nanami-san ainda não sabia de nada e continuava sentada ali, inclinando a cabeça em confusão.

Eu também não tinha intenção de bisbilhotar o que havia acontecido. Não havia necessidade de ficar vasculhando o passado quando havia a menor chance de magoá-la.

— Provavelmente foi melhor assim, já que não há necessidade de forçá-la a viver com uma memória tão assustadora e dolorosa. Mas parece que, por volta dessa época, Nanami começou a se sentir desconfortável perto do sexo oposto.

Então foi isso que aconteceu...

Embora o choque tivesse apagado sua memória, seus sentimentos traumáticos em relação aos homens permaneceram dentro dela. É por isso que ela se sentia desconfortável perto deles e nem mesmo percebia isso.

Talvez o lado positivo de tudo isso fosse que o que aconteceu não ficou gravado nela a ponto de fazê-la rejeitar violentamente qualquer homem em sua presença.

— Foi então que comecei a treinar para poder proteger Nanami de tudo e de todos. E para mostrar a ela que nem todos os homens eram assustadores, decidi praticar artes marciais. Foi assim que me tornei amigo de Soichiro-kun.

— Ah, é verdade. Lembro de ter conhecido a Hatsumi pela primeira vez no dojo com você.

— De fato. A partir daí, você foi abençoada com boas amigas e seu desconforto pareceu diminuir com o passar dos meses. Hoje, você finalmente trouxe para casa seu primeiro namorado.

Nanami-san e Genichiro-san estreitaram os olhos em uníssono. Ela por nostalgia e ele por felicidade. Tanto Genichiro-san quanto a mãe da Nanami-san estavam à beira das lágrimas.

Antes, Nanami-san me disse que não havia nenhuma razão específica para ela não gostar de homens, mas ouvir a história me fez perceber que a situação era mais séria do que eu imaginava.

Como se quisesse expressar que também havia percebido isso, Nanami apertou minha mão com mais força. Não fiquei surpreso, pois ela deve ter ficado ansiosa ao saber que algo assim havia acontecido com ela.

— Tudo bem, Genichiro-san — eu disse, movendo minha mão para entrelaçar meus dedos com os da Nanami-san da mesma forma que os apaixonados fazem.

Meu coração começou a bater forte com essa nova experiência, mas não era hora de ficar nervoso. Nanami-san pareceu surpresa com minha tentativa de dissipar suas ansiedades, mas sorriu feliz e apertou minha mão em resposta.

— Vou proteger Nanami-san a partir de agora. Não importa o que aconteça, não vou soltar a mão dela e não vou deixá-la triste. Prometo. Então, peço mais uma vez que me deixe sair com sua filha.

Olhei diretamente para Genichiro-san enquanto falava. Seus olhos se arregalaram de surpresa, enquanto Nanami-san e sua mãe respiravam fundo. Sua mãe, especialmente, pressionava as mãos contra as bochechas enquanto se contorcia na cadeira.

Eu tinha dito algo estranho?

Genichiro-san deve ter ficado preocupado todo esse tempo, então eu apenas tentei me oferecer para protegê-la em situações em que Genichiro-san não pudesse fazê-lo. Quando olhei para Nanami-san, vi que ela estava completamente vermelha. Ela abria e fechava a boca, mas nenhuma palavra saía.

— Oh, meu Deus. Eu estava completamente bem com vocês dois namorando, mas quando você diz isso assim, até eu fico envergonhada. Nossa, que pedido de casamento apaixonado , hein… — disse a mãe da Nanami-san.

— Bem, bem, finalmente vou ter um genro, não é? Achei que estava preparado, mas me sinto feliz e solitário ao mesmo tempo. Mas se você está pronto para dar o próximo passo, fico feliz em reconhecer seu relacionamento, Misumai-kun — disse Genichiro-san.

Hã? Essa não é a reação que eu esperava. Mas espere... “Pedido de casamento”? O que eles querem dizer com isso?

Repassei a cena na minha cabeça para analisar mais detalhadamente o que eu havia dito. Na minha tentativa de tranquilizar Nanami-san, eu deixei escapar tudo descuidadamente, esquecendo completamente do desafio. Acho que você poderia interpretar isso como um pedido de casamento, dependendo de como você olhasse para isso.

De repente, fiquei preocupado por ter irritado toda a sala, mas então olhei ao meu redor. Nanami-san estava sentada ao meu lado, profundamente comovida, com os olhos brilhando. Genichiro-san estava enxugando os olhos, aliviado. A mãe da Nanami-san parecia totalmente eufórica, com o rosto iluminado por um sorriso carinhoso. Todos pareciam genuinamente felizes com o que eu havia dito.

Mas como Nanami-san realmente interpretou tudo isso?

Eu não conseguia ler sua mente, mas ela parecia tão feliz quanto seus pais, o que me deixou um pouco confuso.

Bem, acho que está tudo bem.

Eu só precisava fazer o meu melhor para protegê-la a partir de agora. Nesse sentido, nada havia mudado. Meu princípio orientador ainda era fazer com que Nanami-san gostasse de mim.

Assim que renovei minha determinação, Genichiro-san estendeu a mão. Eu a segurei e trocamos um aperto de mão firme. Esse aperto de mão foi com a mão esquerda.

— Ah, peço desculpas se te induzi ao erro — disse Genichiro-san — Sou canhoto, então instintivamente ofereço minha mão esquerda para apertos de mão. Não tenho nenhuma intenção maliciosa com isso.

Ah, agora eu entendi…

Eu estava preocupado que ele ainda não tivesse me aceitado, mas acho que realmente foi um mal-entendido. Assim, o relacionamento entre Nanami-san e eu recebeu a aprovação dos pais dela.

Espere… Hoje é nosso primeiro encontro. Isso deveria estar acontecendo? Eu nunca namorei ninguém antes, então não faço ideia! Isso é normal para alunos do ensino médio que estão namorando?!

— Nanami-san, daqui em diante… — Comecei a dizer, mas então parei. Algo parecia estranho nela. Seu rosto ainda estava vermelho e, simplesmente, ela parecia não estar mais funcionando direito — Nanami-san, você está bem? Você parece meio… é… atordoada.

— Sim...

— Nanami, você vai usar esses gyoza no seu bento amanhã, certo? — A mãe da Nanami-san interrompeu — Vou colocá-los na geladeira. Nossa, já estão cozinhando juntos. Vocês dois formam um casal tão adorável.

— Sim...

— Nanami, você gosta do Misu... Ah, talvez eu devesse chamá-lo de Yoshin-kun também. Você gosta do Yoshin-kun? Você o ama? — perguntou Genichiro-san.

— Sim...

Não importava o que lhe perguntassem, tudo o que ela conseguia responder era “sim”. Sua mãe e seu pai estavam aproveitando a situação e brincando com ela. Por favor, parem... Acho que vou morrer de vergonha. 

Por um bom tempo depois disso, Nanami-san ficou com o mesmo sorriso estranho estampado no rosto. Eu não tinha ideia do que ela estava pensando, mas ela permaneceu em algum lugar muito, muito longe de nós. Quer dizer, ela ainda era bonita, é claro, mas o que exatamente ela estava imaginando?

— Hmm… — Genichiro-san murmurou para si mesmo — Parece que nossa Nanami ficou tão nervosa que entrou em um mundo só dela. Provavelmente vai demorar um pouco para ela voltar, então vou te dar uma carona para casa enquanto isso.

— Oh, hm… obrigado, Genichiro-san. Eu realmente agradeço.

— Passe por aqui quando quiser, ok? — a mãe da Nanami-san disse gentilmente — Da próxima vez, vocês dois podem relaxar um pouco mais e ficar no quarto da Nanami. Ah, mas tomem cuidado para não fazerem nada impróprio.

— Claro. Pode deixar.

Apesar de sua preocupação, eu percebia que a mãe da Nanami-san estava me recebendo bem à sua maneira.

Além disso, eu não teria coragem de tentar nada disso de qualquer maneira...

Eu realmente apreciei sua gentileza e tentei agradecê-la adequadamente, mas ela parecia insatisfeita com minha resposta.

— Meu Deus, você não vai me chamar pelo meu nome também? — ela perguntou, fazendo beicinho — Ah, é verdade! Eu nem me apresentei. Sou Tomoko Barato, mãe da Nanami. Você pode me chamar de Tomoko-san.

— A-Ahaha... Muito obrigado, Tomoko-san...

Tomoko-san colocou um dedo na bochecha e inclinou a cabeça de uma maneira adorável, lembrando Nanami-san. Eu não tinha dúvidas de que Nanami-san puxou à mãe. Tomoko-san também parecia mais jovem, a ponto de poder ficar ao lado da Nanami-san e passar por irmã.

Eu me perguntei qual seria o nome da irmã verdadeira da Nanami-san. Seria bom se pudéssemos nos dar bem também.

— Obrigado novamente por me receber. Nanami-san, estou indo para casa agora. Ligarei para você mais tarde, ok?

Nanami-san finalmente voltou a si, embora não parecesse se lembrar do que estava acontecendo ao seu redor. Só que...

— Hã? Indo para casa? Mas nós já moramos juntas...

Percebendo o que acabara de dizer, ela cobriu a boca com as duas mãos. Então, aparentemente, no mundo de fantasia da Nanami-san, ela e eu já tínhamos avançado para o estágio de morar juntos.

O quanto ela havia imaginado em tão pouco tempo?

Ainda assim, foi bastante revigorante saber que até Nanami-san fantasiava sobre coisas assim. Acho que devo dizer que foi uma honra. Enquanto isso, Genichiro-san e Tomoko-san olhavam para a filha com o que poderia ser melhor descrito como sorrisos de gato de Cheshire.

— Oh, Nanami, você não acha que ainda é um pouco cedo para vocês dois começarem a morar juntos? — perguntou Tomoko-san gentilmente.

— Pensar que nossa Nanami, que por tanto tempo não gostava de homens, chegou tão longe... Como pai, tenho sentimentos contraditórios, mas vamos comemorar! — exclamou Genichiro-san.

Nanami-san ficou ainda mais vermelha com os comentários dos pais, mas mesmo assim pulou em minha direção e apertou minhas mãos.

— Vejo você amanhã! — exclamou em voz alta, como se quisesse afastar os sorrisos dos pais.

Eu ainda estava um pouco preocupado com ela, considerando que tínhamos trazido à tona uma lembrança dolorosa, mas ela parecia bem por enquanto. Mesmo assim, decidi verificar como ela estava mais tarde.

— Sim, vejo você amanhã, Nanami-san. Obrigada por tudo, Genichiro-san. E desculpe por ter incomodado você, Tomoko-san.

— Hã? Espere, por que você está chamando minha mãe assim? O que eu perdi?

Ah, certo, ela não tinha ouvido nossa conversa anterior. Como eu deveria explicar?

Parecia que eu não precisava me preocupar, porém, pois Tomoko-san agarrou Nanami-san pelas axilas e começou a arrastá-la para longe.

— Por aqui, Nanami, querida! Você tem que me contar tudo o que aconteceu até agora. Uma noite de conversa entre garotas! Estou tão animada.

— Espere, mãe, me diga o que está acontecendo! Não! Mãe, isso faz cócegas! Para!

Então Nanami-san sente cócegas ali? Vou ter que lembrar disso.

Enquanto eu continuava observando, Nanami-san foi arrastada para longe. Eu não tinha chance de resgatá-la de seu destino, então simplesmente levantei a mão para me despedir.

Parecia que Nanami-san também havia desistido. Ela sorriu ironicamente e acenou de volta para mim. Genichiro-san sorriu, seus olhos brilhando com um olhar distante.

— Minha esposa está louca para ter uma noite só para mulheres com nossa filha, então ela provavelmente está apenas um pouco animada, só isso — com isso, sentei-me em seu carro, pronto para voltar para casa.

Por dentro, eu tremia de medo, sem ter ideia do que deveria conversar com o pai da minha namorada, mas Genichiro-san conversou calorosamente comigo o tempo todo. Ele me contou histórias adoráveis da infância da Nanami-san, sobre quando ela começou a experimentar a moda gyaru no ensino médio, sobre como ele tentou aprender expressões assustadoras para protegê-la e sobre como nunca conseguiu fazer seu rosto voltar ao normal. Assim, ele me contou muitas coisas.

Naquele momento, senti que a razão pela qual Nanami-san era tão boa em ouvir e manter uma conversa devia ser por causa de seu pai. Não houve pausas em nossa conversa, mas, ao mesmo tempo, conversar não parecia um fardo. Foi genuinamente divertido.

O rosto dela veio da mãe, o caráter veio do pai... Que família maravilhosa Nanami-san tem...

E depois de nossa longa conversa, Genichiro-san me disse algo.

— Além da família, você é a primeira pessoa a saber sobre o que aconteceu no passado da Nanami. Nem mesmo as amigas dela sabem disso.

Ao ouvir que ele havia compartilhado comigo algo que nem mesmo as duas melhores amigas dela sabiam, senti um peso esmagando meus ombros.

— Então por que você me contou?

Genichiro-san fez uma pausa por um momento, depois continuou com uma voz suave.

— Bem, me pareceu que você age com o melhor interesse da Nanami no coração. Quando eu apareci pela primeira vez, você tentou protegê-la de mim. Você a abraçou quando ela estava ansiosa. Você esteve ao lado dela em cada passo do caminho e, quando eu vi isso, soube que você era alguém em quem eu podia confiar.

— Isso é realmente uma honra, Genichiro-san, mas eu só o conheci hoje. É seguro você confiar em mim tão facilmente?

— Acho que sou bastante bom em julgar o caráter das pessoas. Além disso, é justamente por você ter dito isso que posso confiar em você.

Essas palavras dele me pressionaram ainda mais. Suas altas expectativas pesavam sobre mim. Afinal, eu não era uma pessoa tão boa assim. Era verdade que sempre tentava colocar Nanami-san em primeiro lugar, mas isso era porque estava mentindo para ela.

Não, não adianta pensar nisso agora.

Eu sentia como se, pouco a pouco, estivesse perdendo minha chance de escapar, mas... eu também não detestava essa sensação, afinal, continuamos conversando e acabamos trocando informações de contato. Admito que fiquei um pouco surpreso. Era normal adicionar o pai da sua namorada? Ele me disse que eu poderia entrar em contato se precisasse dele.

Por enquanto, porém, decidi considerar isso como ter ganhado um forte aliado e deixar por isso mesmo.

Quando finalmente cheguei em casa, liguei meu computador e entrei no jogo. O evento de hoje já estava em sua fase final. Decidi verificar o que estava acontecendo enquanto relatava os eventos do dia ao Baron-san.

CANYON: e então, os pais dela agora aprovam oficialmente nosso relacionamento. 

BARON: Casem-se logo, cara.

No momento em que terminei de lhe dar meu relatório, Baron-san foi rápido em me lançar um ataque. Uma reação tão desdenhosa era rara vinda dele.

Os outros membros do nosso grupo estavam igualmente ansiosos para dar sua opinião, disparando mensagens como “Casem-se”, “Vai pra cima tigrão” e “Parabéns!”. Dizer a eles que ainda éramos muito jovens para nos casar provavelmente não era a resposta que eles esperavam.

CANYON: Baron-san, você não está se precipitando um pouco?

BARON: Faz uma semana que vocês começaram a namorar, certo? E o que você quer dizer com “estou me precipitando”? Você é que está indo rápido demais! Quer dizer, o casamento não é a única coisa que falta? Uau, os jovens de hoje são rápidos...

O incomumente irritadiço Baron-san continuou sua lamentação. 

BARON: Canyon, você deve ter mentido sobre nunca ter tido uma namorada. Você tem sido um playboy todo esse tempo e tudo o que eu te ensinei foi em vão, não foi?

Eu não sabia como responder.

Nanami-san foi minha primeira namorada e eu nunca fui popular com as garotas… tipo, nunca. Mais importante ainda, ele já havia esquecido todo o meu fiasco com a roupa toda preta para o encontro? Havia uma montanha de coisas que eu queria que Baron-san me ensinasse.

CANYON: Claro, eu segurei a mão dela, mas ainda nem a beijei. Não tenho esse tipo de coragem.

BARON: A ordem disso não está toda errada? Por que você está pulando o beijo e indo direto aos pais dela para pedir a mão dela em casamento? Se alguém está apressando as coisas, é você!

Mas eu não tive escolha a não ser conhecer os pais dela e não foi minha intenção parecer falar algo assim!

Embora eu tenha meio que ignorado essa parte, então Baron-san provavelmente pensou que eu tinha pedido ela em casamento de verdade. Acho que não tinha jeito.

É claro que não contei a ele nada sobre o que aconteceu com Nanami-san no passado. Isso era um assunto privado dela e não algo para ser discutido levianamente. No final das contas, esse fato deveria permanecer com os familiares da Nanami-san e aqueles próximos a ela. Não era algo que eu deveria ou poderia compartilhar com Baron-san.

BARON: Mas dizer que você ainda não a beijou... Eu tinha certeza de que você a beijaria no encontro de hoje. Depois de tudo o que aconteceu, você estaria totalmente livre para fazer isso se quisesse.

CANYON: Você realmente acha isso?

BARON: Sim, se você não tivesse escolhido gyoza para o jantar, acho que você poderia ter feito isso sem problemas.

CANYON: Gyoza? Ah, entendo...

Eu nem tinha pensado nisso até ele mencionar, mas o gyoza muito saboroso que comemos no jantar estava cheio de alho. O cheiro provavelmente teria sido motivo de preocupação. Eu não precisava pensar nessas coisas no passado, mas talvez Nanami-san tivesse pensado nisso.

Se eu tivesse pedido outra coisa para o jantar, teria conseguido beijá-la? Sério?!

Uau, só de pensar nisso, eu sorri como um idiota. Vergonha e alegria se misturavam dentro de mim, mesmo que fosse apenas uma fantasia boba. Mas, vamos lá, eu não teria coragem de fazer isso.

BARON: Canyon, desculpe interromper seu devaneio, mas você não precisa entrar em contato com sua namorada? Você disse que iria ligar para ela, não foi?

Sério, Baron-san, como você consegue ler minha mente assim?

Por enquanto, decidi que era melhor sair do jogo e ligar para Nanami-san, mas, naquele momento, outra mensagem apareceu.

PEACH: Canyon-san...

No começo, pensei que ela fosse dizer algo negativo de novo, mas a mensagem dela era bem diferente do normal.

PEACH: Se você está feliz, não tenho nada a dizer. Mas... se você se machucar por algum motivo, estarei aqui para te confortar. Continue vindo aqui como sempre faz.

BARON: Bem, bem… parece que a Peach-chan finalmente mudou de ideia. Mas sim, não acho que isso vá acontecer, mas se acontecer, estaremos aqui para você.

Eu não conhecia os nomes nem os rostos dessas pessoas, mas sabia que, apesar de termos nos conhecido através de um jogo, elas eram importantes para mim. Suas palavras gentis aqueceram meu coração.

Nossos companheiros de equipe acrescentaram seus próprios sentimentos semelhantes. Fiquei muito grato a todos, tanto que comecei a chorar, mas como não podia chorar antes de ligar para Nanami-san, tive que fazer o possível para me controlar.

CANYON: Obrigada, pessoal. Farei o meu melhor para garantir que isso não aconteça!

Depois de enviar minha mensagem, voltei minha atenção para ligar para Nanami-san. Pensando bem, era a primeira vez que eu entrava em contato com ela tão tarde. Tínhamos trocado mensagens todas as noites até agora, mas sim, era a primeira vez que eu ligava para ela espontaneamente.

Nervoso, esperei que ela atendesse o telefone. O telefone tocou várias vezes, mas Nanami-san não atendeu. Quando eu já estava me perguntando se tinha ligado em um momento ruim, a ligação finalmente foi atendida.

— Yoshin! Oh, graças a Deus! Nossa, por que você demorou tanto? Estou passando por um momento difícil!

— Hã?

Por alguma razão, Nanami-san parecia sem fôlego. Ela também parecia um pouco irritada.

— Sério! Foi tão embaraçoso! Se eu soubesse que isso ia acontecer, teria pedido para você dormir aqui!

— N-Nanami-san?

Dormir aí?! Nessas circunstâncias, isso não significaria dormir no mesmo quarto? Droga, agora estou tendo pensamentos estranhos por causa de todas as minhas fantasias anteriores. Nanami-san usa pijama quando vai dormir à noite. Não, espere. Temos aula amanhã, então eu não poderia ter dormido lá de qualquer maneira. Certo. Não, espere… também não é isso. Nossa, acalme-se, Yoshin.

— Ah, certo. Desculpe, você não pode ficar aqui. É que Hatsumi e Ayumi ficam aqui o tempo todo, então...

Parecia que Nanami-san também havia percebido a magnitude de seu erro. Sua voz ficava mais aguda a cada palavra.

Que fofa!

Nesse momento, ouvi uma voz ao fundo.

— Nanamiii... Não vou deixar você escapar...

Então veio outra.

— Vamos, maninha, me conte! O que você gosta no meu futuro cunhado?

Ambas as vozes eram femininas, mais especificamente, eram as vozes das outras duas mulheres da casa da Nanami-san.

Ah… elas estavam conversando sobre assuntos femininos desde que eu saí...

— Ah, perfeito! Você pode colocar o Yoshin-kun no viva-voz e pedir para ele mesmo nos contar — disse a voz mais velha das duas.

— Vejo você amanhã, Yoshin! — confusa, Nanami-san desligou o telefone.

É... Eu certamente não tive coragem de me envolver nessa conversa, mas mesmo assim me senti um pouco solitário.

No entanto, imediatamente depois, recebi uma mensagem da Nanami-san.

NANAMI: Obrigada por hoje. Eu me diverti muito e não consigo expressar o quanto isso me deixou feliz. Estou ansiosa por tudo o que planejamos, então vamos sair novamente na próxima semana, ok?

Ao ver a mensagem dela, não consegui conter um sorriso. Respondi imediatamente de uma maneira atípica e proativa.

YOSHIN: Claro, vamos sair novamente na próxima semana. Vejo você amanhã. Boa noite.

A partir de amanhã, eu passarei ainda mais tempo com Nanami-san e, desta vez, com a aprovação da família. Um por um, os obstáculos que nos faziam sentir culpados estavam desaparecendo.

Ainda olhando para o meu celular, comecei a murmurar palavras ainda mais incomuns para mim.

— Vejo você amanhã, Nanami-san. Eu... eu gosto muito de você.

Com isso, fiquei um pouco vermelho enquanto me enrolava na cama. Eu esperava que, de alguma forma, minhas palavras chegassem até Nanami-san.

♢♢♢

Mais tarde naquela noite.

— Nngh... Nanami-san... Nanami-san, você não deveria! Ainda estamos no ensino médio... O que você quer dizer com “servir” à mim? Não, mas por que você está vestida assim? Nanami-san?!

Sentei-me na cama, completamente ereto.

Poucos instantes antes, Nanami-san havia aparecido em meu sonho, um sonho escandaloso em que ela me dizia que me amava e pressionava seu corpo contra o meu. Talvez “escandaloso” fosse uma forma cautelosa de descrever, mas naquele momento eu estava chocado demais para me importar.

— Talvez eu tenha me divertido demais hoje... Mas ela dizer “eu te amo”... Isso foi fantasia demais, cara...

Relembrando o sonho assustadoramente realista, finalmente consegui voltar para a cama com falsas lembranças dela me amando.



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AKEMI FTL

UMA TRADUÇÃO DE FÃ PARA FÃ

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